1 APOLOGÉTICA E EVANGELIZAÇÃO
Oberdan Maciel.
Em princípio, o nosso trabalho tem como finalidade mostra a relevância deste dois
componentes na pregação do evangelho, um para demonstrar que a crença no
cristianismo é algo aceitável e logicamente correto (apologética), e o outro
como privilégio e reponsabilidade de testemunhar as boas novas da graça de Deus
(evangelismo). Estaremos discorrendo acerca do conceito de cada termo, após,
observaremos o método de atuação de cada um deles e a importância que ambos
prestam mutuamente ao outro no sentido de tornar a mensagem cristã possível,
audível e relevante para os nossos ouvintes. Portanto temos muitos pontos em
comum entre a apologética e a evangelização, assim como disse Schaeffer[1]:
“A apologética, como eu encaro, não deve ser de maneira alguma separada da
evangelização.”
Temos
a nossa disposição variadas informações sobre o que é conceitualmente
apologética, mas neste trabalho estaremos restrito ao conceito prestado por
Sproul[2] ao
termo:
A tarefa ou ciência da
apologética está primeiramente preocupada em prover uma defesa intelectual das
verdades reivindicadas pela fé. O termo apologética vem da palavra grega apologia, que significa literalmente
“uma afirmação justificada ou uma defesa verbal. Fazer uma apologia então,
diferente da definição mais atual de “Desculpe-me”,
é defender e argumentar sobre um ponto de vista especifico.
Temos portanto a definição que a apologética é a
defase de um ponto de vista especifico, é a demonstração que um ponto de vista
é correto e, neste caso, estamos tratando de defender de maneira inteligível
aos pressupostos estabelecidos pela cosmovisão cristã. A tarefa da apologética
é municiar o cristão na sustentação lógica dos seus argumentos, e o preparar
para dar resposta acerca do que é referente e equivalente ao seu discurso (I Pe
3.15)[3].
Acerca do que significa evangelização,
precisamos pontuar de forma primaria o que é que queremos dizer com isso, tendo
em vista que em nossos dias tal termo tem se alargado a diversos sentidos
chegando até a ser confundido com as boas obras, os ministérios de
misericórdia, a autoajuda, a psicologia natural e a tantos conceitos
antropocêntricos que não define o que é de fato a evangelização. Podemos
observar igrejas e suntuosas denominações confundido o evangelho de Cristo com
meios estritamente humanos, Dever[4]
pontuando acerca do que não é evangelização diz: “Evangelizar, não é declarar o
plano político de Deus para as nações, nem recrutar pessoas para a igreja”. Não
devemos confundir a obra do evangelho com o que não faz parte de sua alçada.
Mas uma definição salutar sobre o que é evangelização nos apresenta Shedd[5]:
Evangelização
é a proclamação do Evangelho de Cristo crucificado e ressurreto, o único
redentor do homem, de acordo com as escrituras, com o propósito de persuadir
pecadores condenados e perdidos a pôr sua confiança em Deus, recebendo e
aceitando a Cristo como Senhor em todos os aspecto da vida e na comunhão de sua
igreja, aguardando o dia de sua volta gloriosa.
Tomando
por base essa definição, nossa abordagem resume-se na importância que ambos
prestam no trabalho de conduzir os ouvintes a Cristo, mas ao mesmo tempo temos
de sermos honestos ao mostrar a fragilidade que os mesmo sistemas apresentam no
aspecto salvifico sem o auxílio e a intervenção divina por meio do Espírito
Santo, como bem disse Craig[6]:
“Assim não devemos esperar que um incrédulo, já na primeira vez que ouvir nossa
defesa apologética da fé, vai logo cair prostrado! É lógico que ele vai
relutar. Pense bem no que está em jogo para ele. Mas devemos plantar e regar a
semente, com paciência, na esperança de que com o tempo ela floresça e de
frutos.” A apologética por si mesma é ineficiente no quesito de promover a fé
salvadora nos homens. Embora a apologética seja uma tarefa dada a todos os
cristãos e tenhamos responsabilidade de “provar” o que afirmamos, a apologética
não abre os olhos do pecador nem o conduz a Cristo, o máximo que ela faz como
um fim em si mesma é fornecer ferramentas de auxílio para solidificar o
discurso. Schaeffer[7]
portanto conclui o que estamos tentando dizer da seguinte maneira:
O propósito da
“apologética” não é meramente ganhar uma disputa ou uma discursão, mas que as
pessoas com as quais estamos lidando tornem-se cristãs que realmente colocam a
sua vida sob o senhorio de Cristo, deixando-o tomar conta de toda a sua vida.
Antes de qualquer coisa, é importante lembrar que não podemos separar a
verdadeira apologética da obra do Espírito Santo.
Ao mesmo instante a pregação como veículo
comunicativo também mostra sua fragilidade no aspecto do convencimento. As
vezes somos tendenciosos a numerologia, a imposição, somos urgentes no aspecto
dos resultados, forçarmos apelos e decisões, exageramos na música como um meio
de comoção generalizada, mas nada disso representa o sentido primário da
pregação. O anunciador do evangelho deve entender que a pregação sem o auxílio
do Espirito Santo não passa de discurso religioso, o que é dito na pregação
deve ser para a glória de Deus e crescimento do Reino de Deus e não para a
promoção própria. Temos de atinar para o que disse Jones[8]
acerca da obra do Espírito Santo na pregação.
Não procure forçar estas
coisas. Esta é a obra do Espírito Santo de Deus. A obra dEle é completa e
duradoura. Portanto, não devemos nos entregar a esta intensa ansiedade por
resultados. Não estou dizendo que esta ansiedade é desonesta. Mas digo que é um
engano. Temos de aprender a confiar no Espírito e depender de sua obra
infalível.
O
papel do pregador do evangelho é depender exclusivamente da ação redentora do
Espírito Santo, temos de aprender a pregar e descansar na sua obra eficaz,
conforme nosso Senhor falou, Ele é quem opera no coração do pecador (Jo
16.8-11)[9]. O
ministério do Espírito Santo consiste em elucidar a verdade, criar fé,
persuasão e arrependimento.
O
papel tanto do apologista como do evangelista e depender exclusivamente da ação
do Espírito Santo de Deus no coração de seus ouvintes, somos responsáveis por
argumentar logicamente acerca do que estamos dizendo, mas a responsabilidade de
conversão é de exclusiva vontade do Espírito Santo se assim lhe aprouver tirar
as “escamas” dos olhos dos nossos ouvintes. Tanto a apologética como a
evangelização dependente da ação de Deus para tornar a mensagem do evangelho
uma semente brotante no coração do pecador.
2 MÉTODOS DE ATUAÇÃO APOLOGÉTICOS E
EVANGELÍSTICOS.
Para
tornarmos a mensagem Cristã relevante aos nossos ouvintes temos primariamente
que fazer uma leitura da situação em que o nosso público alvo se encontra,
entendermos seus pressupostos e fazermos uma hermenêutica geral de sua
cosmovisão e a parti disso comunicar a mensagem do evangelho.
Um
dos principais papeis da apologética é responder eficazmente as perguntas
culturais, filosóficas, existências a respeito de Deus e as objeções levantas
acerca da fé Cristã. O papel da apologética Cristã epistemologicamente é
fornecer subsídios lógicos para a fundamentação concreta da verdade do
evangelho, tendo em vista que nossa sociedade não responde satisfatoriamente a
ideias fideístas e ignorantes. Craig[10]
acerca desta comunicação inteligente e lógica da apologética Cristã pontua:
E neste ponto que entra a
apologética Cristã. Se os Cristãos puderem ser treinados para fornecer sólidas
evidências daquilo em que creem e boas respostas para as perguntas e objeções
dos incrédulos, então a imagem que se tem dos cristãos vai pouco a pouco mudar.
Os cristãos passarão a ser vistos como pessoas inteligentes e preparadas, a
serem levadas a sério, e não meros fanáticos ou palhaços. O evangelho será uma
opção concreta para essas pessoas seguirem.
Certamente,
hoje encontramos dificuldades para a transmitir o evangelho, temos uma
enxurrada de novas filosofias que necessariamente são contra a cosmovisão
cristã, o mundo adentrou em um ritmo secularista, onde não existe espaço mais
para a algo metafisico, vivemos em uma sociedade relativista, onde o conceito
de verdade, moral, e identidade passou a ser substituído por questionamentos
existências e negação de valores absolutos. O papel da apologética é importante
porque municia o cristã contra os ataques ferrenhos dessa sociedade em declínio
e pronuncia as ideias fundamentais da fé cristã em linguagem inteligível para
os que não creem. Craig[11]
respondendo à pergunta (porque a
apologética é importante?) nos apresenta algo de extrema importância para a
construção deste trabalho, tendo em vista que sua resposta é bastante salutar
em termos evangelístico. Sua resposta a esta pergunta é dada da seguinte
maneira, a apologética é importante para ganhar os incrédulos, e sobre isso o
mesmo ainda diz: “Assim como um missionário que tem um chamado para uma obscura
minoria étnica, o apologeta cristão tem a responsabilidade de alcançar essa
minoria de pessoas que irão responder de forma positiva a
argumentos e evidências racionais.”
Acerca
da abordagem do método de atuação evangelístico, temos a intenção de dizer que
a apologética pode servir sim de condução para levar os inquiridores da fé
cristã ao conhecimento de Cristo. E mais ou menos o que disse McGrath[12]:
A apologética limpa o
terreno para a evangelização [...] enquanto a apologética limpa o terreno para
a fé em Cristo, a evangelização convida as pessoas a responder o evangelho;
enquanto a apologética tem como alvo assegurar o consentimento, a evangelização
que assegurar o compromisso [...] a apologética argumenta enquanto a
evangelização convida.
Portanto, podemos perceber que não existe um
caminho bifurcado entre a apologética e a evangelização, ao contrário,
encontramos correlação entre este dois campos de estudo que tem como proposta
esclarecer a verdade do evangelho de forma convincente e intelectual ao ponto
de ser aceitável com um sereno convite proposta pela pregação.
3
IMPORTÂNCIA DESTA DUAS FERRAMENTA PARA COMUNICAÇÃO DAS BOAS NOVAS.
Quando falamos de importância, o que queremos
dizer é acerca da prestatividade que ambos campos exercem para tornar a
mensagem do evangelho cristã possível, audível e relevante para os nossos
ouvintes. Certamente existem vários desafios para um apologeta/ evangelista
quando defende os pressupostos do cristianismo. Falar sobre Deus, Bíblia,
pecado, Jesus Histórico, nascimento virginal, Ressurreição é por demasiado
difícil, mais a mediada que expomos no que cremos é porque cremos não deixamos
de fazer um pré evangelismos a nossa audiência. Portanto a apologética é
eficiente para afinar o nosso discurso e recheá-lo de premissas e conclusões
lógicas para exercermos uma fé inteligente. A contribuição da apologética para
o evangelismo é que antes de convidarmos as pessoas para a fé salvadora devemos
dar informações ou a essência do que estão sendo convidados a acreditar. Sproul[13]
pontua isso da seguinte maneira:
Antes de
eu ser capaz de declarar Cristo como meu salvador, tenho de entender que preciso
de um Salvador. Preciso compreender que sou um pecador. Preciso ter alguma
compreensão do que o pecado é. Preciso entender que Deus existe. Preciso
entender que estou afastado deste Deus e que estou exposto ao seu
julgamento[...] tudo isso é pré-evangelismo. Isso tem a ver com o dado ou a
informação que um pessoa precisa processar em sua mente antes de reagir em a
isso em fé ou rejeitar em descrença.
A apologética influência em certo os nossos
argumentos, fazer apologética consiste em aprofundar cada vez mais os
pressupostos e descobrir com mais riquezas o valor que tem o que cremos.
A contribuição que o evangelismo presta a
evangelização é de grande importância, haja a vista que isso não é redundância,
pois o evangelismo é a forma e a evangelização é o fim desta forma. Evangelizar
não é discorrer sobre tratados ou pressupostos teológicos, não é discursar de
postulado, no exercício da evangelização segundo Dever[14]
“não defendemos o nascimento virginal ou a historicidade da ressurreição [..]
evangelizar é seguir a agenda de Cristo, as notícias a respeito dele. A
evangelização é o ato positivo de contar as boas novas sobre Jesus Cristo e o
caminho da salvação por meio dele”.
REFERÊNCIAS
CRAIG, William Lane. Em
guarda- defenda a fé cristã com razão e precisão. Vida Nova, 2011.
DEVER, Mark. O
Evangelho e a evangelização. Editora Fiel, 2011
JONES, D. Martyn Lloyd. Pregação
e Pregadores. Editora Fiel, 2008.
MCGRATH, Alister. Apologética
pura & simples. Vida Nova, 2013.
SCHAEFFER, Francis. O
Deus que intervém. Cultura Cristã, 2009.
SHEDD, Russell P. Fundamentos
Bíblicos Evangelização. Shedd Publicações, 2010
SPROUL, R.C. Defendendo
sua fé- uma introdução à apologética. CPAD, 2007.
[1] SCHAEFFER, Francis. O Deus que intervém. Trad. de Gabrielle Greggersen. São Paulo:
Cultura Cristã, 2009. p. 261.
[2] SPROUL, R.C. Defendendo sua fé- uma introdução à apologética. Trad. de Patrícia
Merlim. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p. 11.
[3] “Antes, santificai a Cristo, como
Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo
aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós”.
[4] DEVER, Mark. O Evangelho e a evangelização. Trad. de Francisco Wellington
Ferreira. São Paulo: Editora Fiel, 2011. p. 100.
[5] SHEDD, Russell P. Fundamentos Bíblicos Evangelização. São Paulo: Shedd Publicações,
2010. p. 8.
[6] CRAIG, William Lane. Em guarda- defenda a fé cristã com razão e
precisão. Trad. de Marisa K. A. de Siqueira Lopes. São Paulo: Vida Nova,
2011. p. 24.
[7] SCHAEFFER, Francis. O Deus que intervém. Trad. de Gabrielle Greggersen. São Paulo:
Cultura Cristã, 2009. p. 214.
[8] JONES, D. Martyn Lloyd. Pregação e Pregadores. 2ª ed. Trad. de
João Bentes Marques. São Paulo: Editora Fiel, 2008. p. 262.
[9] “Quando ele vier, convencerá o mundo do
pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça,
porque vou para o pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste
mundo já está julgado.
[10] CRAIG, William Lane. Em guarda- defenda a fé cristã com razão e
precisão. Trad. de Marisa K. A. de Siqueira Lopes. São Paulo: Vida Nova,
2011. p. 19.
[11] Ibid. p. 23-24.
[12] MCGRATH, Alister. Apologética pura & simples. Trad. de A.G. Mendes. São Paulo:
Vida Nova, 2013. p. 20-21.
[13] SPROUL, R.C. Defendendo sua fé- uma introdução à apologética. Trad. de Patrícia
Merlim. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p. 18-19
[14]
DEVER, Mark. O Evangelho e a evangelização. Trad. de Francisco Wellington
Ferreira. São Paulo: Editora Fiel, 2011. p. 103-104.
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