quarta-feira, 5 de novembro de 2014

APOLOGÉTICA E EVANGELIZAÇÃO - Oberdan Maciel.



1 APOLOGÉTICA E EVANGELIZAÇÃO
 Oberdan Maciel.
Em princípio, o nosso trabalho tem como finalidade mostra a relevância deste dois componentes na pregação do evangelho, um para demonstrar que a crença no cristianismo é algo aceitável e logicamente correto (apologética), e o outro como privilégio e reponsabilidade de testemunhar as boas novas da graça de Deus (evangelismo). Estaremos discorrendo acerca do conceito de cada termo, após, observaremos o método de atuação de cada um deles e a importância que ambos prestam mutuamente ao outro no sentido de tornar a mensagem cristã possível, audível e relevante para os nossos ouvintes. Portanto temos muitos pontos em comum entre a apologética e a evangelização, assim como disse Schaeffer[1]: “A apologética, como eu encaro, não deve ser de maneira alguma separada da evangelização.” 
Temos a nossa disposição variadas informações sobre o que é conceitualmente apologética, mas neste trabalho estaremos restrito ao conceito prestado por Sproul[2] ao termo:
A tarefa ou ciência da apologética está primeiramente preocupada em prover uma defesa intelectual das verdades reivindicadas pela fé. O termo apologética vem da palavra grega apologia, que significa literalmente “uma afirmação justificada ou uma defesa verbal. Fazer uma apologia então, diferente da definição mais atual de “Desculpe-me”, é defender e argumentar sobre um ponto de vista especifico.
Temos portanto a definição que a apologética é a defase de um ponto de vista especifico, é a demonstração que um ponto de vista é correto e, neste caso, estamos tratando de defender de maneira inteligível aos pressupostos estabelecidos pela cosmovisão cristã. A tarefa da apologética é municiar o cristão na sustentação lógica dos seus argumentos, e o preparar para dar resposta acerca do que é referente e equivalente ao seu discurso (I Pe 3.15)[3].
Acerca do que significa evangelização, precisamos pontuar de forma primaria o que é que queremos dizer com isso, tendo em vista que em nossos dias tal termo tem se alargado a diversos sentidos chegando até a ser confundido com as boas obras, os ministérios de misericórdia, a autoajuda, a psicologia natural e a tantos conceitos antropocêntricos que não define o que é de fato a evangelização. Podemos observar igrejas e suntuosas denominações confundido o evangelho de Cristo com meios estritamente humanos, Dever[4] pontuando acerca do que não é evangelização diz: “Evangelizar, não é declarar o plano político de Deus para as nações, nem recrutar pessoas para a igreja”. Não devemos confundir a obra do evangelho com o que não faz parte de sua alçada. Mas uma definição salutar sobre o que é evangelização nos apresenta Shedd[5]:
Evangelização é a proclamação do Evangelho de Cristo crucificado e ressurreto, o único redentor do homem, de acordo com as escrituras, com o propósito de persuadir pecadores condenados e perdidos a pôr sua confiança em Deus, recebendo e aceitando a Cristo como Senhor em todos os aspecto da vida e na comunhão de sua igreja, aguardando o dia de sua volta gloriosa.  
Tomando por base essa definição, nossa abordagem resume-se na importância que ambos prestam no trabalho de conduzir os ouvintes a Cristo, mas ao mesmo tempo temos de sermos honestos ao mostrar a fragilidade que os mesmo sistemas apresentam no aspecto salvifico sem o auxílio e a intervenção divina por meio do Espírito Santo, como bem disse Craig[6]: “Assim não devemos esperar que um incrédulo, já na primeira vez que ouvir nossa defesa apologética da fé, vai logo cair prostrado! É lógico que ele vai relutar. Pense bem no que está em jogo para ele. Mas devemos plantar e regar a semente, com paciência, na esperança de que com o tempo ela floresça e de frutos.” A apologética por si mesma é ineficiente no quesito de promover a fé salvadora nos homens. Embora a apologética seja uma tarefa dada a todos os cristãos e tenhamos responsabilidade de “provar” o que afirmamos, a apologética não abre os olhos do pecador nem o conduz a Cristo, o máximo que ela faz como um fim em si mesma é fornecer ferramentas de auxílio para solidificar o discurso. Schaeffer[7] portanto conclui o que estamos tentando dizer da seguinte maneira:
O propósito da “apologética” não é meramente ganhar uma disputa ou uma discursão, mas que as pessoas com as quais estamos lidando tornem-se cristãs que realmente colocam a sua vida sob o senhorio de Cristo, deixando-o tomar conta de toda a sua vida. Antes de qualquer coisa, é importante lembrar que não podemos separar a verdadeira apologética da obra do Espírito Santo.

 Ao mesmo instante a pregação como veículo comunicativo também mostra sua fragilidade no aspecto do convencimento. As vezes somos tendenciosos a numerologia, a imposição, somos urgentes no aspecto dos resultados, forçarmos apelos e decisões, exageramos na música como um meio de comoção generalizada, mas nada disso representa o sentido primário da pregação. O anunciador do evangelho deve entender que a pregação sem o auxílio do Espirito Santo não passa de discurso religioso, o que é dito na pregação deve ser para a glória de Deus e crescimento do Reino de Deus e não para a promoção própria. Temos de atinar para o que disse Jones[8] acerca da obra do Espírito Santo na pregação.
Não procure forçar estas coisas. Esta é a obra do Espírito Santo de Deus. A obra dEle é completa e duradoura. Portanto, não devemos nos entregar a esta intensa ansiedade por resultados. Não estou dizendo que esta ansiedade é desonesta. Mas digo que é um engano. Temos de aprender a confiar no Espírito e depender de sua obra infalível.

O papel do pregador do evangelho é depender exclusivamente da ação redentora do Espírito Santo, temos de aprender a pregar e descansar na sua obra eficaz, conforme nosso Senhor falou, Ele é quem opera no coração do pecador (Jo 16.8-11)[9]. O ministério do Espírito Santo consiste em elucidar a verdade, criar fé, persuasão e arrependimento.
O papel tanto do apologista como do evangelista e depender exclusivamente da ação do Espírito Santo de Deus no coração de seus ouvintes, somos responsáveis por argumentar logicamente acerca do que estamos dizendo, mas a responsabilidade de conversão é de exclusiva vontade do Espírito Santo se assim lhe aprouver tirar as “escamas” dos olhos dos nossos ouvintes. Tanto a apologética como a evangelização dependente da ação de Deus para tornar a mensagem do evangelho uma semente brotante no coração do pecador.


2 MÉTODOS DE ATUAÇÃO APOLOGÉTICOS E EVANGELÍSTICOS.

Para tornarmos a mensagem Cristã relevante aos nossos ouvintes temos primariamente que fazer uma leitura da situação em que o nosso público alvo se encontra, entendermos seus pressupostos e fazermos uma hermenêutica geral de sua cosmovisão e a parti disso comunicar a mensagem do evangelho.
Um dos principais papeis da apologética é responder eficazmente as perguntas culturais, filosóficas, existências a respeito de Deus e as objeções levantas acerca da fé Cristã. O papel da apologética Cristã epistemologicamente é fornecer subsídios lógicos para a fundamentação concreta da verdade do evangelho, tendo em vista que nossa sociedade não responde satisfatoriamente a ideias fideístas e ignorantes. Craig[10] acerca desta comunicação inteligente e lógica da apologética Cristã pontua:
E neste ponto que entra a apologética Cristã. Se os Cristãos puderem ser treinados para fornecer sólidas evidências daquilo em que creem e boas respostas para as perguntas e objeções dos incrédulos, então a imagem que se tem dos cristãos vai pouco a pouco mudar. Os cristãos passarão a ser vistos como pessoas inteligentes e preparadas, a serem levadas a sério, e não meros fanáticos ou palhaços. O evangelho será uma opção concreta para essas pessoas seguirem.

Certamente, hoje encontramos dificuldades para a transmitir o evangelho, temos uma enxurrada de novas filosofias que necessariamente são contra a cosmovisão cristã, o mundo adentrou em um ritmo secularista, onde não existe espaço mais para a algo metafisico, vivemos em uma sociedade relativista, onde o conceito de verdade, moral, e identidade passou a ser substituído por questionamentos existências e negação de valores absolutos. O papel da apologética é importante porque municia o cristã contra os ataques ferrenhos dessa sociedade em declínio e pronuncia as ideias fundamentais da fé cristã em linguagem inteligível para os que não creem. Craig[11] respondendo à pergunta (porque a apologética é importante?) nos apresenta algo de extrema importância para a construção deste trabalho, tendo em vista que sua resposta é bastante salutar em termos evangelístico. Sua resposta a esta pergunta é dada da seguinte maneira, a apologética é importante para ganhar os incrédulos, e sobre isso o mesmo ainda diz: “Assim como um missionário que tem um chamado para uma obscura minoria étnica, o apologeta cristão tem a responsabilidade de alcançar essa minoria de pessoas que irão responder de forma positiva a argumentos e evidências racionais.”
Acerca da abordagem do método de atuação evangelístico, temos a intenção de dizer que a apologética pode servir sim de condução para levar os inquiridores da fé cristã ao conhecimento de Cristo. E mais ou menos o que disse McGrath[12]:
A apologética limpa o terreno para a evangelização [...] enquanto a apologética limpa o terreno para a fé em Cristo, a evangelização convida as pessoas a responder o evangelho; enquanto a apologética tem como alvo assegurar o consentimento, a evangelização que assegurar o compromisso [...] a apologética argumenta enquanto a evangelização convida.
Portanto, podemos perceber que não existe um caminho bifurcado entre a apologética e a evangelização, ao contrário, encontramos correlação entre este dois campos de estudo que tem como proposta esclarecer a verdade do evangelho de forma convincente e intelectual ao ponto de ser aceitável com um sereno convite proposta pela pregação.
3 IMPORTÂNCIA DESTA DUAS FERRAMENTA PARA COMUNICAÇÃO DAS BOAS NOVAS.

Quando falamos de importância, o que queremos dizer é acerca da prestatividade que ambos campos exercem para tornar a mensagem do evangelho cristã possível, audível e relevante para os nossos ouvintes. Certamente existem vários desafios para um apologeta/ evangelista quando defende os pressupostos do cristianismo. Falar sobre Deus, Bíblia, pecado, Jesus Histórico, nascimento virginal, Ressurreição é por demasiado difícil, mais a mediada que expomos no que cremos é porque cremos não deixamos de fazer um pré evangelismos a nossa audiência. Portanto a apologética é eficiente para afinar o nosso discurso e recheá-lo de premissas e conclusões lógicas para exercermos uma fé inteligente. A contribuição da apologética para o evangelismo é que antes de convidarmos as pessoas para a fé salvadora devemos dar informações ou a essência do que estão sendo convidados a acreditar. Sproul[13] pontua isso da seguinte maneira:
Antes de eu ser capaz de declarar Cristo como meu salvador, tenho de entender que preciso de um Salvador. Preciso compreender que sou um pecador. Preciso ter alguma compreensão do que o pecado é. Preciso entender que Deus existe. Preciso entender que estou afastado deste Deus e que estou exposto ao seu julgamento[...] tudo isso é pré-evangelismo. Isso tem a ver com o dado ou a informação que um pessoa precisa processar em sua mente antes de reagir em a isso em fé ou rejeitar em descrença.
A apologética influência em certo os nossos argumentos, fazer apologética consiste em aprofundar cada vez mais os pressupostos e descobrir com mais riquezas o valor que tem o que cremos.
A contribuição que o evangelismo presta a evangelização é de grande importância, haja a vista que isso não é redundância, pois o evangelismo é a forma e a evangelização é o fim desta forma. Evangelizar não é discorrer sobre tratados ou pressupostos teológicos, não é discursar de postulado, no exercício da evangelização segundo Dever[14] “não defendemos o nascimento virginal ou a historicidade da ressurreição [..] evangelizar é seguir a agenda de Cristo, as notícias a respeito dele. A evangelização é o ato positivo de contar as boas novas sobre Jesus Cristo e o caminho da salvação por meio dele”.









REFERÊNCIAS

CRAIG, William Lane. Em guarda- defenda a fé cristã com razão e precisão. Vida Nova, 2011.

DEVER, Mark. O Evangelho e a evangelização. Editora Fiel, 2011

JONES, D. Martyn Lloyd. Pregação e Pregadores. Editora Fiel, 2008.

MCGRATH, Alister. Apologética pura & simples. Vida Nova, 2013.

SCHAEFFER, Francis. O Deus que intervém. Cultura Cristã, 2009.

SHEDD, Russell P. Fundamentos Bíblicos Evangelização. Shedd Publicações, 2010

SPROUL, R.C. Defendendo sua fé- uma introdução à apologética. CPAD, 2007.



[1] SCHAEFFER, Francis. O Deus que intervém. Trad. de Gabrielle Greggersen. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. p. 261.
[2] SPROUL, R.C. Defendendo sua fé- uma introdução à apologética. Trad. de Patrícia Merlim. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p. 11.
[3] “Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós”.
[4] DEVER, Mark. O Evangelho e a evangelização. Trad. de Francisco Wellington Ferreira. São Paulo: Editora Fiel, 2011. p. 100.
[5] SHEDD, Russell P. Fundamentos Bíblicos Evangelização. São Paulo: Shedd Publicações, 2010. p. 8.
[6] CRAIG, William Lane. Em guarda- defenda a fé cristã com razão e precisão. Trad. de Marisa K. A. de Siqueira Lopes. São Paulo: Vida Nova, 2011. p. 24.
[7] SCHAEFFER, Francis. O Deus que intervém. Trad. de Gabrielle Greggersen. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. p. 214.
[8] JONES, D. Martyn Lloyd. Pregação e Pregadores. 2ª ed. Trad. de João Bentes Marques. São Paulo: Editora Fiel, 2008. p. 262.
[9] “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para o pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.
[10] CRAIG, William Lane. Em guarda- defenda a fé cristã com razão e precisão. Trad. de Marisa K. A. de Siqueira Lopes. São Paulo: Vida Nova, 2011. p. 19.
[11] Ibid. p. 23-24.
[12] MCGRATH, Alister. Apologética pura & simples. Trad. de A.G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2013. p. 20-21.
[13] SPROUL, R.C. Defendendo sua fé- uma introdução à apologética. Trad. de Patrícia Merlim. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p. 18-19
[14] DEVER, Mark. O Evangelho e a evangelização. Trad. de Francisco Wellington Ferreira. São Paulo: Editora Fiel, 2011. p. 103-104.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

TEÍSMO ABERTO - Gilton Duarte de Melo



TEÍSMO ABERTO

Gilton Duarte de Melo
O tema que estaremos abordando neste artigo, certamente, é motivo de muitas discussões em ambientes acadêmicos e, também, em conversas informais entre líderes cristãos. Gostaria de destacar que, a ideia não é levantar polêmica sobre o assunto, e sim, apenas, mostrar as diferenças entre conceitos que, equivocadamente ou a propósito de alguns autores, são expostos como “verdades”, equiparando ou igualando princípios defendidos em variadas linhas ou pensamentos teológicos. Exemplo: Teísmo Aberto x Arminianismo.
O Teísmo Aberto é uma tentativa de explicar o inexplicável (relação entre o pré- conhecimento de Deus sobre os fatos e o livre arbítrio dos homens).
Os argumentos do teísmo aberto são, essencialmente, estes:
Os seres humanos são verdadeiramente, livres; Se Deus soubesse o futuro, absolutamente, os seres humanos não poderiam ser livres; Sendo assim, Deus não sabe tudo sobre o futuro. O teísmo aberto acredita que o futuro não pode ser conhecido.
O teísmo aberto se baseia em trechos das Escrituras em que Deus aparece “mudando de ideia” ou, ainda pior, sendo “surpreendido”, parecendo adquirir conhecimento no momento dos fatos ocorridos. Uma passagem clássica para aqueles que defendem esta visão, se encontra em Gênesis 22:12, onde Deus diz a Abraão: “Não estendas a mão contra o moço, não lhes faça nada, pois agora sei que temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, teu único filho”. Para o teísta aberto, isso mostra, claramente, que Deus aprendeu algo a respeito de Abraão – algo que não tinha conhecimento prévio. Outra passagem da Bíblia que os teístas abertos utilizam para fundamentar seus argumentos, está em I Samuel 15:11-35, onde, por duas vezes, Deus diz que “se arrependeu” de ter feito Saul rei. Com esses “argumentos”, fica a pergunta: Será que Deus pode, de fato, se arrepender de alguma ação sua que ele sabia, desde a eternidade, que aconteceria como aconteceu? Existe outra situação bastante utilizada pelos teístas abertos em suas considerações, o dilúvio em Gn 9:14 – o sinal do arco-íris dado por Deus é um lembrete a ele mesmo de que nunca mais trilhará este caminho (na visão teísta aberta).




Analisando os argumentos bíblicos
Será que essas e outras passagens deveriam ser interpretadas como são pelos teístas abertos? Será que deveríamos concluir, justificadamente, que a Bíblia indica que o conhecimento de Deus acerca do futuro é limitado e que Ele, de fato, aprende algo do que acontece somente quando pessoas livres fazem suas escolhas e praticam o que escolheram livremente?
Para responder essas perguntas, precisamos ter certeza, observando, criteriosamente, as passagens usadas em defesa do ponto de vista aberto e ver se, de fato, indicam que Deus aprende algo que não conhecia antes à medida que a história se desenrola e as pessoas fazem suas escolhas. Devemos perguntar, também, se a Bíblia realmente ensina que Deus conhece algo que os teístas abertos negam que ele possa conhecer: as livres ações e escolhas humanas futuras.
Observando cada uma das ocorrências citadas no início deste artigo, podemos fazer algumas considerações baseadas na própria Palavra.
1.    Quando olhamos para a passagem em questão, no caso de Abraão (Pois agora sei que temes a Deus), vemos que o Anjo não diz que agora Deus sabia que Abraão seria obediente à ordem de Deus ou que Abraão realmente sacrificaria o seu filho. Antes, ele diz: Pois agora sei que TEMES a Deus. Certamente, Deus tinha bons motivos para já saber que Abraão o temia, pois Ele conhece o coração de cada pessoa (I Cr 28:9 e I Sm 16:7) e, sendo assim, também conhecia toda a vida de obediência de Abraão. E isso é de extrema relevância, uma vez que Abraão é citado no Novo Testamento como um homem de fé; elogiado, inclusive, pelo apóstolo Paulo no livro de Romanos. O autor da carta aos Hebreus, também, faz uma referência a Abraão, tanto por ter deixado seu país para seguir a Deus, quanto por oferecer Isaque, crendo, inclusive, que Deus faria o seu filho retornar de entre os mortos. Particularmente, não tenho dúvidas de que Deus, por sua presciência, já sabia que este homem, conhecido por sua fé, estaria disposto e, totalmente, convicto de que Deus poderia ressuscitar o seu filho sacrificado, caso isto viesse a acontecer. Prefiro entender esta afirmação (Pois agora sei que TEMES a Deus), como uma confirmação daquilo que Deus já sabia. Cito, aqui, uma ilustração muito adequada, feita pelo Bruce A. Ware, em seu livro Teísmo Aberto, o qual compara como a ocasião em que um marido muito carinhoso e amoroso expressa novamente à esposa seu profundo amor por ela. Suponhamos que ele chegue do trabalho e surpreenda-a com planos para uma viagem de fim de semana. Nesse momento de empolgação e intimidade, ele poderia perguntar-lhe carinhosamente: “Querida, você sabe neste instante, do fundo de seu coração, que eu a amo”? Ela poderia dizer: Depois do que você fez, eu realmente sei, neste instante, o quanto você me ama. Considerando assim, seria correto dizer que somente naquele instante, e não antes – ela veio saber algo que não sabia anteriormente em relação ao amor do marido por ela? Com certeza não. Pelo contrário, a experiência presente trouxe novo testemunho e reafirmação do amor do marido, de modo que naquele momento ela soube novamente do amor dele.

Em Gênesis 18, Deus fala a Abraão a respeito da destruição de Sodoma e Gomorra. Ele diz: Porque o clamor contra Sodoma e Gomorra se multiplicou, e o seu pecado se agravou muito, descerei agora e verei se tudo o que eles têm praticado condiz com o clamor que tem chegado a mim; se não for, saberei. Nesse texto, temos algo bem interessante a ser analisado. Se considerarmos a visão Teísta Aberta, teríamos que negar a onipresença de Deus, pois Ele teve que descer do céu pra ver o que estava acontecendo nas duas cidades. Teríamos, também, que negar o conhecimento de Deus em relação ao passado, pois Ele teve que confirmar se os sodomitas praticaram tais atos terríveis. Numa outra avaliação, teríamos de negar que Deus conhece tudo sobre o presente, pelo fato de ter que descer e ver, comprovando assim, os relatos.
E agora?
Estamos diante de um problema, uma vez que todos os cristãos evangélicos e ortodoxos, e mesmo os teístas abertos, afirmam que o Deus da Bíblia é Onipresente; possui conhecimento perfeito e completo do passado e possui conhecimento prefeito do presente.

Cremos assim, mesmo porque as escrituras estão recheadas de ensinamentos sobre esses pontos.

Sendo assim, não é correta a interpretação literal - que Deus teve que descer até Sodoma a fim de saber se o que ouvira era verdade.
Prefiro entender esta passagem como uma declaração de um pai, brincando de esconde-esconde com o filho: “Vamos dar uma olhadinha naquele canto para ver se sua irmã está se escondendo por ali e, então, vamos saber”. O pai diz isso tudo, ciente, o tempo todo, de que ela está mesmo ali.

2.    E em relação ao fato de Deus ter-se arrependido por ter posto Saul como rei (I Sm 15:11-35)? Será que este arrependimento indica que Deus pensou que aconteceria uma coisa, mas depois ficou sabendo de algo que não sabia antes, já que aconteceu uma coisa diferente, em relação a desobediência de Saul?

O versículo 29 do capítulo 15 de I Samuel se encaixa, perfeitamente, nos versículos 11 e 35.

Precisamos entender que Deus nunca adquire conhecimento de novas informações e nunca é surpreendido pelo que acontece. Desta forma, Ele nunca pode se arrepender (em sentido estrito) por, supostamente, ter chegado ao seu conhecimento que aquilo que antecipara não aconteceu. Por outro lado, à medida que os fatos que aconteceriam se desenrolam de acordo com o que ele sabia de antemão, Deus ainda assim pode ficar profundamente consternado e angustiado com o pecado que, em determinado momento, testemunha e, desta maneira, pode “arrepender-se” (em sentido amplo, v 11 e 35) de essas coisas terem acontecido.
Nessa mesma passagem o autor quer que conheçamos duas coisas sobre Deus. A primeira coisa que devemos saber é que, de fato, assim como Deus nunca pode mentir, seu conhecimento também é determinado e por isso ele nunca pode vir à saber de algo que o levará a criticar, questionar ou arrepender-se do que fez. Ele é Deus, não homem, e, como Deus, está acima de qualquer “arrependimento” em sentido estrito.
A segunda coisa é que, simplesmente, por Deus nunca questionar o que está acontecendo (uma vez que já sabia tudo isso de antemão), não devemos concluir que Ele não se importa com o pecado que se revela. Ele se importa, sim, e ficou profundamente consternado com o que Saul fez à medida que testemunhava o desdobramento do que anteriormente sabia que aconteceria.

Presciência divina, completa e definitiva.
Poderia, aqui, citar várias passagens das Escrituras Sagradas, onde encontramos, claramente, a ação da presciência de Deus, de uma forma completa e definitiva. Uma dessas, está em Êxodo 3:19,20, onde, depois de aparecer a Moisés na sarça ardente, mas antes das dez pragas e da libertação de Israel através do Mar Vermelho, o Senhor dirigiu-se a Moisés e disse: “Sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir, a não ser pelo poder de uma forte mão. Por isso, estenderei a mão e ferirei o Egito com todos os prodígios que farei no meio dele. Depois disso, ele vos deixará ir”. O texto mostra, de uma maneira bem natural e óbvia, que Deus já sabia que o rei do Egito não iria permitir que os filhos de Israel partissem, salvo sob coerção, e que Deus também sabia que, depois de trazer as pragas sobre o Egito, o rei iria deixá-los partir. Ou seja, esta é a declaração do conhecimento divino sobre as decisões futuras do faraó, primeiramente resistindo a deixá-los ir e, em seguida, sobcoerção, deixando-os ir.
Considerando tudo isso, só podemos chegar a uma conclusão:
O Teísmo Aberto não tem, absolutamente, nada a ver com o arminianismo. Fica muito claro que, enquanto o primeiro declara que Deus não conhece o futuro, apenas, o conhece à medida que os fatos vão ocorrendo (isto pra mim é presente), o arminianismo diz que Deus conhece, sim, definitivamente, todas as coisas em todos os tempos (presente, passado e futuro). O arminianismo defende que o homem, por ter sido criado à imagem e semelhança de Deus, pode tomar decisões e fazer suas escolhas. É certo que todos nós cremos na soberania de Deus e que Ele não está limitado aos nossos desejos e, quando Ele quer exercer a Sua soberania, Ele assim o faz.
Muitas pessoas tentam deturpar a visão arminiana, comparando-a com “posicionamentos teológicos”, os quais, não estão alinhados com a Palavra. Podemos afirmar que o Teísmo Aberto é um grande equívoco e um dos maiores e representativos erros de interpretação dos últimos dias.
Creio e continuarei crendo no único Deus; Salvador; Criador e, através da Sua onisciência/presciência, conhece o futuro, o resultado de todas as coisas, inclusive, as nossas escolhas. E isto é assim, porque, simplesmente, Ele é DEUS.







APOLOGÉTICA EVIDENCIALISTA - Nélio Carneiro da Cunha



                    APOLOGÉTICA EVIDENCIALISTA     

                            Seminário Teológico Pentecostal do Nordeste
Aluno Nélio Carneiro da Cunha
Pr.  Professor Jonas Silva

RESUMO
O presente artigo tem como finalidade mostrar que os evidencialistas insistem que a apologética não pode começar a partir do pressuposto do Deus da Bíblia. A epistemologia evidencialista, começa no mesmo lugar que a epistemologia do descrente. Ambas pressupõem que o universo pode ser interpretado pela mente humana sem se referi a Deus. Eles tentam raciocinar a partir de dados (a ordem no universo, a ressurreição) para os princípios metafísicos (a existência de Deus, a divindade de Cristo). A base da fé, Segundo os evidencialistas, a certeza absoluta é algo impossível. O melhor que se pode esperar é um alto grau de probabilidade. Eles dizem que entre as várias cosmovisões possíveis, o cristianismo é o mais provável, e por isto deve ser aceito. A grande problemática dos Evidencialistas e que, se o descrente pode descobrir a verdade e interpretar o universo sem Deus, então por que ele precisa de Deus? E como é que o evidencialista sabe que existe uma correspondência entre as percepções da sua mente e o mundo exterior? O evidencialismo pode ser muito útil, contanto que seja inserido num arcabouço de pressupostos suficientes para sustentá-lo. Somente o evidencialismo não basta para comprovar o cristianismo.

Palavras-Chaves: Evidencias ,Pressupostos,Aspectos Negativos,

INTRODUÇÂO
A Apologética Evidencialista, alega que as evidências materiais favorecem a validade do cristianismo. O evidencialista começa num ponto comum com os não-cristãos, presumindo que os sentidos e a inteligência são ferramentas útepara descobrir a verdade. Ele menciona registros históricos em favor da Bíblia, procurando demonstrar que:
             Apesar de suas partes mais recentes terem sido escritas há quase dois milênios, ela foi preservada por fiéis copistas, de modo que o sentido de seu texto permaneceu inalterado ao longo dos séculos, como nenhum outro livro antigo chega perto de ser;
             Ela contém profecias pontualmente cumpridas, que anteciparam eventos internacionais em dezenas ou centenas de anos;
Ela é harmoniosa do começo ao fim, formando um único pensamento, apesar de seus autores possuírem diversas formações e culturas, e, muitas vezes, não conhecerem os livros uns dos outros;
            Ela é precisa arqueologicamente, se referindo a detalhes que, por inexatidão científica, eram contestados pelos historiadores, até serem esclarecidos por escavações posteriores.
Então, quando a razão mostra-se limitada para encontrar respostas a questões que transcendem o campo da investigação, tais como o sentido da existência, o evidencialista recomenda a aceitação do cristianismo, pelas abundantes evidências acumuladas em favor dessa religião. Todas as palavras contidas na Bíblia são fiéis de Gênesis a Apocalipse.

O uso Correto das Evidencias na defesa da Fé Cristã            
O Dr. Greg Bahnsem, explica qual o uso correto das evidências na defesa da Fé Cristã.
Na crença popular, hoje, na escolha de um método apologético, um Cristão-Bíblico defronta-se entre argumentar pressuposicionalmente ou apelar para evidências histórica ou natural em favor do Cristianismo. Mas, isto é inteiramente errado. A Apologética Pressuposicional endossa e, até mesmo, encoraja o uso das evidências – mas não oferece as evidências da forma “tradicional”, como um recurso à autoridade da (alegadamente) razão autônoma do incrédulo. Incrédulos que estão autoconscientes em sua autonomia, geralmente lutarão com todas as suas forças contra os “fatos” que nós possamos utilizar a favor da veracidade da Bíblia.
O uso pressuposicional das evidências na apologética reconhece que, no final das contas, o conflito intelectual entre Crentes e Incrédulos é uma questão de Cosmovisões. Devemos mostrar que a Cosmovisão Incrédula, pelo qual ele deseja opor-se às reivindicações da fé, não apenas exclui os fatos da Escritura, mas exclui a completa inteligibilidade de quaisquer fatos sobre qualquer assunto. Por esta razão, Van Til não desistiu de que o apologista não cometesse o engano de pretender ser neutro ou autônomo no raciocínio, mas apresenta-se sua defesa fatual de modo correto e de modo claro ao Incrédulo. “Cristianismo, então, não precisa refugiar-se sob o teto de um método cientifico independente de si mesmo. De preferência, oferece-se como um teto para métodos que seriam científicos.”
Se a inteligibilidade do raciocínio indutivo, empírico usado pelo Incrédulo se opor à Fé faz algum sentido filosófico, o Incrédulo precisará afirmar a Fé Cristã como sua pressuposição ou cosmovisão! O esforço do dos Incrédulos devem ser voltados contra sua própria incredulidade. Isso é simplesmente a maneira pressuposicional de defender a fé e pressionar os argumentos evidenciais.
A força evidencial da ressurreição de Cristo é perdida quando o argumento da evidência para isto é apresentada ao incrédulo dentro do contexto das pressuposições bíblicas? De modo algum, a Apologética Pressuposicional convoca o Cristão e o Não-Cristão a colocarem suas cosmovisões lado a lado e a fazer um exame interno de ambas em suas respectivas “lógicas internas”. Em tal comparação, a força evidencial da ressurreição de Cristo é facilmente estabelecida.
Mas alguém poderia perguntar-se: “se os pressupostos já requerem que a Bíblia seja verdade e, portanto, que Cristo já ressuscitou dentre os mortos, como poderia a evidência ser exercer influência?” Bem, depois que a buzina apita após a bola ser lançada na cesta, o apito torna-se uma questão do passado e nós, mesmo sabendo o resultado do jogo, ainda estamos estarrecidos pelo arremesso e podemos assistir impressionados quando observamos o replay do jogo. O arremesso é ainda impressionante, mesmo quando você sabe o contexto e o resultado.
E a ressurreição do nosso Senhor é muito mais impressionante, mesmo quando a abordamos dentro do contexto das verdades pressupostas pela Bíblia. Os Cristãos prontamente diriam aos Incrédulos: “Dentro de nossa cosmovisão, as evidências mostram que Deus ressuscitou Cristo dentre os mortos; ainda mais surpreendente, Ele o fez por amor para salvar pecadores como nós” – sua cosmovisão não tem nada tão impressionante como isto, mas, realmente, causa absurdo dentro da história, ciência e raciocínio.” A escolha deveria ser óbvia.

Aspectos Negativos da Apologética Evidencialista.
A apologética evidencialista apresenta três fraquezas principais, segundo Vicente Cheung, senão vejamos.
“Primeiro, biblicamente falando, o evidencialismo é infiel. Suas suposições, raciocínios e intenções não refletem o que a Escritura diz sobre Deus, o homem, a verdade e o pecado. Mas visto, que estamos fazendo apologética para defender a fé da Escritura, essa abordagem mina seu próprio propósito professo desde o início. E se a Bíblia é uma revelação da verdade, então algo que a contradiga deve ser falso.
Segundo, racionalmente falando ele é impossível. Ele começa e prossegue com os mesmos primeiros princípios, a mesma base irracional, que os incrédulos afirmam. O não-cristão confia em sua própria sensação, mas não pode fornecer uma justificativa para o empirismo. Ele apela para a sua intuição, mas não pode mostrar que a mesma reflete outra coisa que não seu preconceito subjetivo. Ele confia no seu raciocínio indutivo, mas não pode demonstrar sua validade racional. Ele pratica o método científico, que além de formalmente falacioso, depende da indução, sensação e frequentemente da intuição também.
Terceiro, falando de maneira prática, o evidencialismo não pode ser usado. Mesmo que ignoremos a primeira e a segunda série de problemas com o evidencialismo, na prática sua eficácia depende da credulidade do oponente. Essa abordagem pode fazer afirmações e alegações sobre “evidências”, que apoiam essas afirmações, mas não pode apresentar essas evidências no momento do debate. Os dados científicos relevantes, os fragmentos de manuscritos, os artefatos antigos, e assim por diante, não estão prontamente disponíveis ou portáveis para que a pessoa possa prontamente mostrá-los ao oponente como argumentos que são feitos sobre a base dessa evidência.”
Em conexão com isso, notemos que as três críticas contra o evidencialismo são de fato direcionadas para o método de raciocínio não-cristão. O fato é que o evidencialismo simplesmente adotou a abordagem não-cristã. Este sendo o caso, essas três críticas contra o evidencialismo também destroem os argumentos que os incrédulos empregam contra a fé cristã.
Além do mais, devido as inúmeras premissas dos argumentos evidenciais, e a complexidade envolvida em estabelecer cada premissa em quase cada argumento usado no evidencialismo. Sem dúvida, em quase todos os casos, o incrédulo nunca concordará. E visto que essas premissas dependem de métodos irracionais (sensação, intuição, indução, ciência, etc) para serem estabelecidos, o evidencialismo permite que o incrédulo obstinado mantenha indefinidamente sua resistência.
Portanto, ao menos que o oponente creia cegamente no cristão com respeito a essas evidências ou ao menos que a partir da exposição anterior, ele já tenha sido convencido delas. O melhor que o evidencialista pode esperar contra um incrédulo cético, segundo Vicente Cheng seria um empate.

CONCLUSÃO
Quando incrédulos resistirem aos argumentos fatuais que o apologista pode e deve prontamente colocar diante deles para confirmar ou defender a posição Cristã, Van Til diz que devemos, então, entender e levar seriamente que “a batalha não é primariamente sobre este ou aquele fato. A batalha é, basicamente, à respeito da filosofia dos fatos.... Ninguém pode ser um cientista de maneira inteligente sem ao mesmo tempo ter uma filosofia da realidade como um todo” .
Portanto, não penso que a apologética é necessária para que a fé cristã seja garantida e justificada. Mas não se segue daí que a apologética cristã seja, portanto, inútil ou não tenha nenhum beneficio em garantir e justificar a fé cristã. Se os argumentos da teologia natural e das evidências cristãs são bem sucedidos, a crença cristã é garantida por tais argumentos e evidências para a pessoa que os compreende, mesmo se ainda assim essa pessoa estivesse garantida na ausência de tais argumentos. Tal pessoa é duplamente garantida e justificada em sua crença cristã, já que dispõe de duas fontes de garantia e justificação racional.

FONTES
·         Eis Nosso Tempo!: Apologética Evidencialista: O Caminho Certo, disponível em http//www.Profgaspardesouza.blogspot.com.br./2010/02/há-uma-crítica-aos-apologistas.html, capturado em 18/09/14.
·         http//www.apologeticastpn.blogspot.com/2013/09/pressuposicionalism x evidencialismo. Capturado em 18/09/14.
·         http://www.monergismo.com/textos/apologetica/pressuposicionalismo-evidencialismo _cheung.pdf
·         Answered, Bible Questions, o que é Apologética ?, disponível em  http// www.gotquestions.org/português/apologética/.cristã.html, capturado em 15/09/14.