AS CONCEPÇÕES SOBRE ECUMENISMO E EXCLUSIVISMO
CRISTÃO.
Marconi
Luiz Dornelas da Silva
Pr.
Jonas Silva
Professor
RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo averiguar sobre
os conceitos de Ecumenismo e Exclusivismo Cristão. De forma que possa
contribuir o mesmo para a ampliação e fortalecimento da discussão teórica como base para as pessoas que estudam a Palavra de
Deus. A metodologia utilizada para a elaboração da pesquisa científica
foi de caráter exploratório e descritivo qualitativo, fundamentada em revisão
bibliográfica.
Palavras-chave: Ecumenismo, Exclusivismo Cristão.
·
INTRODUÇÃO
O interesse
pelo tema surgiu através dos debates em sala de aula sendo sugerida pelo
docente como objeto de pesquisa. Quanto
à relevância da temática é que a mesma deve ser debatida na formação dos
estudiosos da palavra de Deus, uma vez que nos dias existem varias discussões
em torno da temática. Acredito que este estudo pode contribuir ainda para a
ampliação e fortalecimento da discussão teórica e empírica no campo teológico e
que temos como futuros teólogos o importante papel e uma concreta
responsabilidade na melhora do processo de aprendizado sobre a defesa da fé.
2.
MARCO
TEORICO.
2.1. O Contexto Histórico Sobre o Ecumenismo e Exclusivismo Cristão.
Acredito ser de grande valia trazer contexto o histórico do
mesmo, Jùnior (2008) aponta que ao longo da segunda metade do século XIX
e do primeiro quartel do século XX aconteceram diversos esforços de aproximação
entre igrejas protestantes, principalmente a partir da Europa. Tais esforços
davam-se ao redor dos temas da missão, da ação social e da doutrina. Foram, por
exemplo, importantes encontros como a Conferência Missionária Mundial, em
Edimburgo em 1910, a Conferência Universal do Cristianismo Prático. Vida e Ação,
em Estocolmo em 1925, na qual a expressão Movimento Ecumênico, passou a ser
utilizada, e a Conferência Universal .Fé e Ordem, em Lausanneem 1927. Dessas
diversas iniciativas resultou a formação do Conselho Mundial de Igrejas (CMI),
em 1948 em Amsterdam, com a representação de 351 delegados de 140 igrejas. A
partir de então, o CMI passou a organizar séries de assembléias, conferências e
comitês que dinamizaram as discussões e práticas ecumênicas em nível
internacional. Naquele momento, o movimento era de modo notável protestante,
mas também anglicano e ortodoxo. A Igreja Católica passou a contribuir mais
efetivamente a partir do concílio Vaticano II. Naqueles anos, gradualmente, o
tema da responsabilidade social da igreja passou a habitar a pauta das
discussões entre os ecumênicos. No contexto do pós-II Guerra, com a guerra
fria, a bomba atômica, o bloqueio de Berlin, a revolução chinesa, os processos
de descolonização, a guerra da Coréia e a eminência da alternativa comunista,
as igrejas do CMI passaram a se preocupar de modo diferenciado com sua
responsabilidade para com o mundo social. Nesses processos, os próprios
conceitos de missão e evangelização tomaram outros significados, passando a
incluir, além da pregação da palavra de Deus e da doutrina, também a dimensão
da transformação social e da denúncia profética.
Relata Dias (2003) que o protestantismo em meados do séc XIX era professado
por alguns estrangeiros que habitavam o Brasil. Nesse tempo o movimento
missionário moderno estava em livre desenvolvimento com o envio de milhares de
missionários para todas as partes do mundo. Os primeiros missionários a
aportarem no Brasil (1855) com o objetivo de estabelecer igrejas protestantes
foram os congregacionais, com o missionário escocês Robert Reid Kalley que,
juntamente com a sua esposa Sarah Kalley, fundou a Igreja Congregacional no
Brasil. Depois vieram as missões presbiterianas com Ashbel Green Simonton, que
chegou ao Brasil em 1859 e, em 1862, organizou a Primeira Igreja Presbiteriana
no Rio de Janeiro.
Os metodistas estabeleceram-se terminantemente em 1886,
com os missionários Junius E. Newman, John J. Ranson, J. W. Koger e James L.
Kennedy. Os batistas principiaram o seu trabalho missionário no Brasil em 1881
com Willian Bagby e Zacarias Taylor. Em 1889 chegaram os missionários
episcopais Lucien L. Kinsolving e James W. Morris, que depois de um acordo com
os presbiterianos acabam se constituindo no Rio Grande do Sul, de onde se
expandiram.
Ainda ressalta o autor acima que as missões
protestantes no Brasil foram frutos do movimento avivalista e apesar do modo
denominacional se caracterizavam pela mesma ênfase teológica e metodológica dos
avivalistas norte-americanos. Nessa época há uma ênfase na conversão
individual, que não estava associado a um compromisso específico com uma igreja
ou denominação, e que a partir de um determinado momento o Movimento Ecumênico
no Brasil começa a se articular com outras correntes na sociedade como
sindicatos, movimentos populares, educação popular, luta pelos direitos humanos
e outros no Brasil construindo uma rede de pessoas e instituições que foram
entusiasmadas pelas idéias e práticas pastorais desenvolvidas dentro do
movimento, disseminando conceitos como responsabilidade social, educação popular,
ecumenismo, prática social, participação política, agente de transformação,
contribuindo para uma nova hermenêutica de leitura da Bíblia em que os
conceitos das Ciências Sociais eram utilizados para entender o texto bíblico.
Nesse sentido ele foi um divisor de mentalidade em um momento que o Brasil
passava por um período histórico complexo.
E que o Movimento Ecumênico repercutiu no
Brasil inicialmente através das idéias de cooperação que vão ocorrendo junto às
pequenas Igrejas instaladas no país e de como a busca da unidade entre elas
procurou protegerr direitos que muitas vezes eram ameaçados, posteriormente
pela criação da Confederação Evangélica no Brasil que foi o espaço onde o
movimento ecumênico se desenvolveu até a década de 60 e que essa Confederação
se desarticulou logo após o golpe militar de 1964, levando o Movimento
Ecumênico a se rearticular através de organizações não governamentais. Mais
recentemente novas organizações ecumênicas procurando reunir as Igrejas irão se
constituir como o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) e a Associação
Evangélica Brasileira (AEVB).
Assinala ainda o mesmo que o escritório regional do
Brasil chamou-se “Comissão Brasileira de Cooperação” (CBC), foi fundada em 1920
e reuniu as Igrejas Congregacional, Presbiteriana do Brasil, Presbiteriana
Independente, Metodista e Episcopal, tendo como Secretário Executivo o Rev.
Erasmo Braga, que também era secretário Executivo da Aliança Evangélica. Erasmo
Braga dirigiu a CBC desde o início até sua morte, em 1932. Funcionava no mesmo
prédio da União das Escolas Dominicais e da junta nacional das ACMs. A CBC
reuniu 19 entidades, entre igrejas, missões e organizações evangélicas
cooperativas. Elaborando um cadastro atualizado dos pastores e igrejas em todo
território nacional; conservou relacionamentos internacionais; lançou
literatura para Escola Dominical; desenvolveu projetos missionários para os
indígenas; relacionando com os movimentos sociais; constituiu o Seminário
Unido; instituiu a associação Umuarama em Campos do Jordão; publicando também
livros e por fim designou Erasmo Braga como representante à Conferência
Missionária em Jerusalém do Conselho Missionário Internacional.
De acordo com o autor citado anteriormente mais tarde os
esforços pela unidade e cooperação encontravam no sectarismo o seu maior
inimigo, com o predomínio do sentimento denominacional há uma identidade para
os seus seguidores. Por isso que o Seminário Unido acabou fracassando. Braga
sabia que a unidade se construiria com a formação de pastores com o sentimento
da unidade, enquanto os defensores dos seminários denominacionais sabiam que no
Seminário Unido estava o fim das suas instituições. O ideal unionista no Brasil
ficou cada vez mais enfraquecido, ainda sobrevivia um movimento de cooperação
que pouco a pouco foi se distanciando da realidade das igrejas.
Já Júnior (2008) afirma que a conjuntura teológica e
política até aqui apresentada teve suas manifestações também no Movimento
Ecumênico brasileiro. Entretanto, o grande expoente dessa teologia no Brasil
dos anos 50 e 60 foi não um brasileiro, mas um estadunidense, o pastor
presbiteriano Richard Shaull (1919-2002). Richard Shaull estudou teologia em
Princeton, onde esteve sob a influência da teologia dialética e teve como
professor a John Mackay, teólogo e destacado líder ecumênico. Entre 1942 e
1950, Shaull foi missionário na Colômbia, cuja experiência marcou lhe marcou de
tal maneira que o levou a refletir sobre sua prática. Lá, conheceu a pobreza, a
perseguição católica para com os protestantes e o distanciamento da
religiosidade protestante tradicional diante da situação latino-americana,
assim gerou iniciativas de ação social para a melhoria da vida das populações
locais e fomentou o debate com estudantes universitários progressistas.
Por
fim, quanto ao exclusivismo cristão historicamente defende Dupont (p.8) que o cristianismo se baseia na unicidade e na universalidade de
Cristo. E é justamente este o ponto central do debate no que se refere ao
diálogo interreligioso. E que ao procuramos conjeturar esta afirmação face à
pluralidade das religiões, somos coagidos a repensar a relação entre a pessoa
de Jesus Cristo, sua particularidade e o alcance universal de seu ser
(ontológico) e de sua ação (funcional).
Também é
necessário salientar que o
exclusivismo realçando a confissão da
própria fé ou a afirmação da posição religiosa pessoal, eliminando a
probabilidade de qualquer outra religião que compartilhe a verdade uma vez que
as outras tradições são vistas como diversos graus de erro e de confusão. No entanto o mesmo pode ser absoluto quando as
outras tradições são vistas conectadas ao erro, sustentando a afirmação de que
só a sua defesa de fé possui a verdade integral.
2.2
.
Sobre o Ecumenismo e Exclusivismo Cristão.
No dicionário Aurélio o ecumenismo é definido como movimento que visa à
unificação das igrejas cristãs (católica, ortodoxa e protestante). A definição eclesiástica, mais abrangente,
diz que é a aproximação, a cooperação, a busca fraterna da superação das
divisões entre as diferentes igrejas cristãs. O
mesmo é o processo de busca da unidade, esse termo ecumênico
se origina da palavra
grega οἰκουμένη (oikouméne), designando "toda a terra
habitada". Num sentido mais limitado, emprega-se o termo para os esforços
em favor da unidade entre igrejas cristãs;
num sentido lato, pode designar a busca da unidade entre as religiões.
O ecumenismo do ponto de vista
do cristianismo é o movimento que mira à unificação das igrejas cristãs, com
base no apelo à unidade entre todos os povos sob o governo de Cristo, contido
na mensagem do evangelho. É um movimento que busca o diálogo e a cooperação
comum entre igrejas cristãs, para superar as divergências históricas, culturais
e teológicas, aproximar os cristãos de diversas denominações, evangelizar o mundo
e contribuir para a paz mundial. Mas o ecumenismo moderno apresenta uma
proposta de unificação das igrejas protestantes, a fim de promover missões
evangelísticas. Porém, historicamente a idéia foi utilizada pela Igreja
Católica para estabelecer sua liderança sobre todas as igrejas
cristãs, deixando de lado as diferenças doutrinárias evidenciadas pela a
Reforma Protestante, proposta por Martinho Lutero, no século XVI. Por fim, a
proposta do ecumenismo contemporâneo não está restrita apenas às igrejas historicamente
classificadas como cristãs ou monoteístas (o cristianismo, o judaísmo e o
islamismo). Há um movimento mundial de união entre
várias religiões, inclusive as mais discordantes em relação à Bíblia.
Em contra partida outro ponto a ser
discutido nesse artigo é o exclusivismo cristão que é
a doutrina que prega ou que dá a entender que a vontade de Deus está presente
exclusivamente em um grupo; que um grupo pode deter, exclusivamente, a bênção e
o conhecimento do Plano de Deus. Quando o cristão deixa ser levar por esse
ensinamento acredita, no seu íntimo, que é melhor e mais abençoado que seus
irmãos, sendo possuidor das verdades mais elevadas e da revelação mais completa
do desejo de Deus para o Seu povo.
Sobre o exclusivismo cristão defende Paine (2008) que o
próprio realça a confissão da própria fé ou a afirmação da posição religiosa
pessoal, excluindo a possibilidade de qualquer outra religião compartilhar a
verdade e o acesso à transcendência de forma de igual ou comparável valor. As
outras tradições são vistas como diversos graus de erro e de confusão. Tal
exclusivismo pode ser absoluto quando as outras tradições são vistas como sob o
poder do mal, ou desesperadamente vinculadas ao erro; ou pode ser menos
categórico, reconhecendo elementos de verdade e valor fora da própria religião,
mas mantendo a afirmação de que só a última possui a verdade.
O autor Brakemeier (2002), afirma que o primeiro
motivo para a lide em favor do exclusivismo consiste no simples fato de todas
as religiões serem exclusivistas
são elas Islamismo, judaísmo, hinduísmo, todas se consideram a si
próprias como portadoras da única e exclusiva verdade salvífica. O cristianismo
não constitui exceção. E de fato: “Uma religião que tivesse renunciado à sua
unicidade, já não mais despertaria especial interesse.” Teria perdido a
credibilidade. A exigência de afirmar algo absoluto, inquestionável e, por
isso, confiável satisfaz a natureza de todos os credos. Religiões almejam
normatividade para seus enunciados, seus dogmas e seus costumes.
3. METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a elaboração
da pesquisa científica foi de caráter exploratório e descritivo qualitativo,
fundamentada em revisão bibliográfica. Acerca dessa metodologia destaca Minayo
(2009,p. 51) que a pesquisa bibliográfica coloca frente a frente os desejos do
pesquisador e os autores envolvidos em seu horizonte, onde o esforço em
discutir as idéias e pressupostos tem como lugar privilegiado as bibliotecas,
centros especializados e arquivos. Nesse caso trata-se de um confronto de
natureza teórica que não ocorre diretamente entre o pesquisador e atores
sociais que estão vivenciando uma realidade peculiar dentro de um contexto
histórico-social. Nessa pesquisa esse tipo de metodologia tem com o objetivo de
oferecer suporte teórico para a análise do tema. Utilizando como método de
coleta de dados consulta a artigos, livros e internet.
4.
Considerações
Finais.
Diante da
pluralidade dos discursos teológicos e religiosos, somos instigados a cada vez
mais refletir como as religiões são portadoras de verdades diferenciadas, que surgem
dentro da sua cultura, e que depois são compartilhadas como defesa da sua
verdade. Sobre isso afirma Geffré, “Apesar
de todos os erros, imperfeições e mesmo perversões de numerosas tradições
religiosas da humanidade, parece legítimo pensar que existe mais de verdade de
ordem religiosa no concerto polifônico das religiões do mundo que somente no
cristianismo” O diálogo entre o cristianismo e as outras religiões deve se
basear na busca conjunta do autêntico encontro com Deus. No cristianismo a salvação
é estabelecida através de Jesus Cristo. Os cristãos recebem o perdão dos
pecados, vida e salvação adquirido por Jesus Cristo através de seu sofrimento,
morte e ressurreição. Esta graça da salvação é recebida sempre pela fé em Jesus
Cristo, através da palavra de Deus.
Por fim, na sociedade pluralista em que vivemos que se
destaca pela diversidade de interpretações acerca da vida cristã, a salvação
através de Jesus Cristo pode levá-los a experimentar um modo novo de
viver a própria vida. Uma vez que vivemos um tempo de muitas expectativas em
relação ao amanhã. Podemos
acreditar que a Salvação, é alcançada pela graça, onde o homem tem uma união e
transformada através de Cristo levando uma vida de santidade que resulta em boas
obras. A mesma graça, por meio da qual a pessoa alcança a salvação, dá certeza
e a segurança do perdão contínuo de Deus e de seu socorro na vida cristã.
5.
Referências
DIAS, Agemir
de Carvalho.
O Ecumenismo: Uma ótica protestante. Disponível
em: http://www.nupper.com.br/home2/wp-content/O_Ecumenismo_Uma_otica_Protestante.pdf. Acessado em 19/08/2013
DUPONT, Jair. Pluralismo Teológico e Religioso. Disponível em: http://www.faustolevandoski.com.br/asafti/trabalhos/Jair%20Dupont.pdf Acessado em 18/08/2013
JÚNIOR,
Arnaldo Érico H. Responsabilidade Social e Revolução no Movimento
Ecumênico Brasileiro dos anos 50 e 60. Disponível em: www.mackenzie.br/fileadmin/.../GT3/Arnaldo_Erico_Huff_Junior.pdf.
Acessado em 05/09/13
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 28 ed Petrópolis: Vozes, 2009.
PAINE, Scott
Randall.
Exclusivismo, Inclusivismo e Pluralismo Religioso. Disponível
em: www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/11%20Scott%20Randall%20Paine.pdf
Acessado em 18/08/2013
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