terça-feira, 24 de setembro de 2013

AS CONCEPÇÕES SOBRE ECUMENISMO E EXCLUSIVISMO CRISTÃO - Marconi Luiz Dornelas da Silva


                         

AS CONCEPÇÕES SOBRE ECUMENISMO E EXCLUSIVISMO CRISTÃO.


Marconi Luiz Dornelas da Silva

Pr. Jonas Silva
Professor
RESUMO
 Esta pesquisa tem como objetivo averiguar sobre os conceitos de Ecumenismo e Exclusivismo Cristão. De forma que possa contribuir o mesmo para a ampliação e fortalecimento da discussão teórica como base para as pessoas que estudam a Palavra de Deus. A metodologia utilizada para a elaboração da pesquisa científica foi de caráter exploratório e descritivo qualitativo, fundamentada em revisão bibliográfica.

Palavras-chave: Ecumenismo, Exclusivismo Cristão.


·         INTRODUÇÃO
O interesse pelo tema surgiu através dos debates em sala de aula sendo sugerida pelo docente como objeto de pesquisa.  Quanto à relevância da temática é que a mesma deve ser debatida na formação dos estudiosos da palavra de Deus, uma vez que nos dias existem varias discussões em torno da temática. Acredito que este estudo pode contribuir ainda para a ampliação e fortalecimento da discussão teórica e empírica no campo teológico e que temos como futuros teólogos o importante papel e uma concreta responsabilidade na melhora do processo de aprendizado sobre a defesa da fé.

2.    MARCO TEORICO.

2.1. O Contexto Histórico Sobre o Ecumenismo e Exclusivismo Cristão.
Acredito ser de grande valia trazer contexto o histórico do mesmo, Jùnior (2008) aponta que ao longo da segunda metade do século XIX e do primeiro quartel do século XX aconteceram diversos esforços de aproximação entre igrejas protestantes, principalmente a partir da Europa. Tais esforços davam-se ao redor dos temas da missão, da ação social e da doutrina. Foram, por exemplo, importantes encontros como a Conferência Missionária Mundial, em Edimburgo em 1910, a Conferência Universal do Cristianismo Prático. Vida e Ação, em Estocolmo em 1925, na qual a expressão Movimento Ecumênico, passou a ser utilizada, e a Conferência Universal .Fé e Ordem, em Lausanneem 1927. Dessas diversas iniciativas resultou a formação do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), em 1948 em Amsterdam, com a representação de 351 delegados de 140 igrejas. A partir de então, o CMI passou a organizar séries de assembléias, conferências e comitês que dinamizaram as discussões e práticas ecumênicas em nível internacional. Naquele momento, o movimento era de modo notável protestante, mas também anglicano e ortodoxo. A Igreja Católica passou a contribuir mais efetivamente a partir do concílio Vaticano II. Naqueles anos, gradualmente, o tema da responsabilidade social da igreja passou a habitar a pauta das discussões entre os ecumênicos. No contexto do pós-II Guerra, com a guerra fria, a bomba atômica, o bloqueio de Berlin, a revolução chinesa, os processos de descolonização, a guerra da Coréia e a eminência da alternativa comunista, as igrejas do CMI passaram a se preocupar de modo diferenciado com sua responsabilidade para com o mundo social. Nesses processos, os próprios conceitos de missão e evangelização tomaram outros significados, passando a incluir, além da pregação da palavra de Deus e da doutrina, também a dimensão da transformação social e da denúncia profética.
Relata Dias (2003) que o protestantismo em meados do séc XIX era professado por alguns estrangeiros que habitavam o Brasil. Nesse tempo o movimento missionário moderno estava em livre desenvolvimento com o envio de milhares de missionários para todas as partes do mundo. Os primeiros missionários a aportarem no Brasil (1855) com o objetivo de estabelecer igrejas protestantes foram os congregacionais, com o missionário escocês Robert Reid Kalley que, juntamente com a sua esposa Sarah Kalley, fundou a Igreja Congregacional no Brasil. Depois vieram as missões presbiterianas com Ashbel Green Simonton, que chegou ao Brasil em 1859 e, em 1862, organizou a Primeira Igreja Presbiteriana no Rio de Janeiro.
Os metodistas estabeleceram-se terminantemente em 1886, com os missionários Junius E. Newman, John J. Ranson, J. W. Koger e James L. Kennedy. Os batistas principiaram o seu trabalho missionário no Brasil em 1881 com Willian Bagby e Zacarias Taylor. Em 1889 chegaram os missionários episcopais Lucien L. Kinsolving e James W. Morris, que depois de um acordo com os presbiterianos acabam se constituindo no Rio Grande do Sul, de onde se expandiram.
         Ainda ressalta o autor acima que as missões protestantes no Brasil foram frutos do movimento avivalista e apesar do modo denominacional se caracterizavam pela mesma ênfase teológica e metodológica dos avivalistas norte-americanos. Nessa época há uma ênfase na conversão individual, que não estava associado a um compromisso específico com uma igreja ou denominação, e que a partir de um determinado momento o Movimento Ecumênico no Brasil começa a se articular com outras correntes na sociedade como sindicatos, movimentos populares, educação popular, luta pelos direitos humanos e outros no Brasil construindo uma rede de pessoas e instituições que foram entusiasmadas pelas idéias e práticas pastorais desenvolvidas dentro do movimento, disseminando conceitos como responsabilidade social, educação popular, ecumenismo, prática social, participação política, agente de transformação, contribuindo para uma nova hermenêutica de leitura da Bíblia em que os conceitos das Ciências Sociais eram utilizados para entender o texto bíblico. Nesse sentido ele foi um divisor de mentalidade em um momento que o Brasil passava por um período histórico complexo.
 E que o Movimento Ecumênico repercutiu no Brasil inicialmente através das idéias de cooperação que vão ocorrendo junto às pequenas Igrejas instaladas no país e de como a busca da unidade entre elas procurou protegerr direitos que muitas vezes eram ameaçados, posteriormente pela criação da Confederação Evangélica no Brasil que foi o espaço onde o movimento ecumênico se desenvolveu até a década de 60 e que essa Confederação se desarticulou logo após o golpe militar de 1964, levando o Movimento Ecumênico a se rearticular através de organizações não governamentais. Mais recentemente novas organizações ecumênicas procurando reunir as Igrejas irão se constituir como o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) e a Associação Evangélica Brasileira (AEVB).
Assinala ainda o mesmo que o escritório regional do Brasil chamou-se “Comissão Brasileira de Cooperação” (CBC), foi fundada em 1920 e reuniu as Igrejas Congregacional, Presbiteriana do Brasil, Presbiteriana Independente, Metodista e Episcopal, tendo como Secretário Executivo o Rev. Erasmo Braga, que também era secretário Executivo da Aliança Evangélica. Erasmo Braga dirigiu a CBC desde o início até sua morte, em 1932. Funcionava no mesmo prédio da União das Escolas Dominicais e da junta nacional das ACMs. A CBC reuniu 19 entidades, entre igrejas, missões e organizações evangélicas cooperativas. Elaborando um cadastro atualizado dos pastores e igrejas em todo território nacional; conservou relacionamentos internacionais; lançou literatura para Escola Dominical; desenvolveu projetos missionários para os indígenas; relacionando com os movimentos sociais; constituiu o Seminário Unido; instituiu a associação Umuarama em Campos do Jordão; publicando também livros e por fim designou Erasmo Braga como representante à Conferência Missionária em Jerusalém do Conselho Missionário Internacional.
De acordo com o autor citado anteriormente mais tarde os esforços pela unidade e cooperação encontravam no sectarismo o seu maior inimigo, com o predomínio do sentimento denominacional há uma identidade para os seus seguidores. Por isso que o Seminário Unido acabou fracassando. Braga sabia que a unidade se construiria com a formação de pastores com o sentimento da unidade, enquanto os defensores dos seminários denominacionais sabiam que no Seminário Unido estava o fim das suas instituições. O ideal unionista no Brasil ficou cada vez mais enfraquecido, ainda sobrevivia um movimento de cooperação que pouco a pouco foi se distanciando da realidade das igrejas.
Já Júnior (2008) afirma que a conjuntura teológica e política até aqui apresentada teve suas manifestações também no Movimento Ecumênico brasileiro. Entretanto, o grande expoente dessa teologia no Brasil dos anos 50 e 60 foi não um brasileiro, mas um estadunidense, o pastor presbiteriano Richard Shaull (1919-2002). Richard Shaull estudou teologia em Princeton, onde esteve sob a influência da teologia dialética e teve como professor a John Mackay, teólogo e destacado líder ecumênico. Entre 1942 e 1950, Shaull foi missionário na Colômbia, cuja experiência marcou lhe marcou de tal maneira que o levou a refletir sobre sua prática. Lá, conheceu a pobreza, a perseguição católica para com os protestantes e o distanciamento da religiosidade protestante tradicional diante da situação latino-americana, assim gerou iniciativas de ação social para a melhoria da vida das populações locais e fomentou o debate com estudantes universitários progressistas.
Por fim, quanto ao exclusivismo cristão historicamente defende Dupont (p.8) que o cristianismo se baseia na unicidade e na universalidade de Cristo. E é justamente este o ponto central do debate no que se refere ao diálogo interreligioso. E que ao procuramos conjeturar esta afirmação face à pluralidade das religiões, somos coagidos a repensar a relação entre a pessoa de Jesus Cristo, sua particularidade e o alcance universal de seu ser (ontológico) e de sua ação (funcional).  
Também é necessário salientar que o exclusivismo realçando a confissão da própria fé ou a afirmação da posição religiosa pessoal, eliminando a probabilidade de qualquer outra religião que compartilhe a verdade uma vez que as outras tradições são vistas como diversos graus de erro e de confusão.  No entanto o mesmo pode ser absoluto quando as outras tradições são vistas conectadas ao erro, sustentando a afirmação de que só a sua defesa de fé possui a verdade integral.

2.2 . Sobre o Ecumenismo e Exclusivismo Cristão.
No dicionário Aurélio o ecumenismo é definido como movimento que visa à unificação das igrejas cristãs (católica, ortodoxa e protestante). A definição eclesiástica, mais abrangente, diz que é a aproximação, a cooperação, a busca fraterna da superação das divisões entre as diferentes igrejas cristãs. O mesmo é o processo de busca da unidade, esse termo ecumênico  se origina da palavra grega οἰκουμένη (oikouméne), designando "toda a terra habitada". Num sentido mais limitado, emprega-se o termo para os esforços em favor da unidade entre igrejas cristãs; num sentido lato, pode designar a busca da unidade entre as religiões.
O ecumenismo do ponto de vista do cristianismo é o movimento que mira à unificação das igrejas cristãs, com base no apelo à unidade entre todos os povos sob o governo de Cristo, contido na mensagem do evangelho. É um movimento que busca o diálogo e a cooperação comum entre igrejas cristãs, para superar as divergências históricas, culturais e teológicas, aproximar os cristãos de diversas denominações, evangelizar o mundo e contribuir para a paz mundial. Mas o ecumenismo moderno apresenta uma proposta de unificação das igrejas protestantes, a fim de promover missões evangelísticas. Porém, historicamente a idéia foi utilizada pela Igreja Católica para estabelecer sua liderança sobre todas as igrejas cristãs, deixando de lado as diferenças doutrinárias evidenciadas pela a Reforma Protestante, proposta por Martinho Lutero, no século XVI. Por fim, a proposta do ecumenismo contemporâneo não está restrita apenas às igrejas historicamente classificadas como cristãs ou monoteístas (o cristianismo, o judaísmo e o islamismo). Há um movimento mundial de união entre várias religiões, inclusive as mais discordantes em relação à Bíblia.
             Em contra partida outro ponto a ser discutido nesse artigo é o exclusivismo cristão que é a doutrina que prega ou que dá a entender que a vontade de Deus está presente exclusivamente em um grupo; que um grupo pode deter, exclusivamente, a bênção e o conhecimento do Plano de Deus. Quando o cristão deixa ser levar por esse ensinamento acredita, no seu íntimo, que é melhor e mais abençoado que seus irmãos, sendo possuidor das verdades mais elevadas e da revelação mais completa do desejo de Deus para o Seu povo.
Sobre o exclusivismo cristão defende Paine (2008) que o próprio realça a confissão da própria fé ou a afirmação da posição religiosa pessoal, excluindo a possibilidade de qualquer outra religião compartilhar a verdade e o acesso à transcendência de forma de igual ou comparável valor. As outras tradições são vistas como diversos graus de erro e de confusão. Tal exclusivismo pode ser absoluto quando as outras tradições são vistas como sob o poder do mal, ou desesperadamente vinculadas ao erro; ou pode ser menos categórico, reconhecendo elementos de verdade e valor fora da própria religião, mas mantendo a afirmação de que só a última possui a verdade.
      O autor Brakemeier (2002), afirma que o primeiro motivo para a lide em favor do exclusivismo consiste no simples fato de todas as religiões serem exclusivistas são elas Islamismo, judaísmo, hinduísmo, todas se consideram a si próprias como portadoras da única e exclusiva verdade salvífica. O cristianismo não constitui exceção. E de fato: “Uma religião que tivesse renunciado à sua unicidade, já não mais despertaria especial interesse.” Teria perdido a credibilidade. A exigência de afirmar algo absoluto, inquestionável e, por isso, confiável satisfaz a natureza de todos os credos. Religiões almejam normatividade para seus enunciados, seus dogmas e seus costumes.     

3.    METODOLOGIA
    A metodologia utilizada para a elaboração da pesquisa científica foi de caráter exploratório e descritivo qualitativo, fundamentada em revisão bibliográfica. Acerca dessa metodologia destaca Minayo (2009,p. 51) que a pesquisa bibliográfica coloca frente a frente os desejos do pesquisador e os autores envolvidos em seu horizonte, onde o esforço em discutir as idéias e pressupostos tem como lugar privilegiado as bibliotecas, centros especializados e arquivos. Nesse caso trata-se de um confronto de natureza teórica que não ocorre diretamente entre o pesquisador e atores sociais que estão vivenciando uma realidade peculiar dentro de um contexto histórico-social. Nessa pesquisa esse tipo de metodologia tem com o objetivo de oferecer suporte teórico para a análise do tema. Utilizando como método de coleta de dados consulta a artigos, livros e internet.


4.    Considerações Finais.

Diante da pluralidade dos discursos teológicos e religiosos, somos instigados a cada vez mais refletir como as religiões são portadoras de verdades diferenciadas, que surgem dentro da sua cultura, e que depois são compartilhadas como defesa da sua verdade. Sobre isso afirma Geffré, “Apesar de todos os erros, imperfeições e mesmo perversões de numerosas tradições religiosas da humanidade, parece legítimo pensar que existe mais de verdade de ordem religiosa no concerto polifônico das religiões do mundo que somente no cristianismo” O diálogo entre o cristianismo e as outras religiões deve se basear na busca conjunta do autêntico encontro com Deus. No cristianismo a salvação é estabelecida através de Jesus Cristo. Os cristãos recebem o perdão dos pecados, vida e salvação adquirido por Jesus Cristo através de seu sofrimento, morte e ressurreição. Esta graça da salvação é recebida sempre pela fé em Jesus Cristo, através da palavra de Deus.
       Por fim, na sociedade pluralista em que vivemos que se destaca pela diversidade de interpretações acerca da vida cristã, a salvação através de Jesus Cristo pode levá-los a experimentar um modo novo de viver a própria vida. Uma vez que vivemos um tempo de muitas expectativas em relação ao amanhã. Podemos acreditar que a Salvação, é alcançada pela graça, onde o homem tem uma união e transformada através de Cristo levando uma vida de santidade que resulta em boas obras. A mesma graça, por meio da qual a pessoa alcança a salvação, dá certeza e a segurança do perdão contínuo de Deus e de seu socorro na vida cristã.

5.    Referências

DIAS, Agemir de Carvalho. O Ecumenismo: Uma ótica protestante. Disponível em: http://www.nupper.com.br/home2/wp-content/O_Ecumenismo_Uma_otica_Protestante.pdf. Acessado em 19/08/2013 

DUPONT, Jair.  Pluralismo Teológico e Religioso. Disponível em: http://www.faustolevandoski.com.br/asafti/trabalhos/Jair%20Dupont.pdf Acessado em 18/08/2013 

JÚNIOR, Arnaldo Érico H. Responsabilidade Social e Revolução no Movimento
Ecumênico Brasileiro dos anos 50 e 60. Disponível em: www.mackenzie.br/fileadmin/.../GT3/Arnaldo_Erico_Huff_Junior.pdf. Acessado em 05/09/13


MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 28 ed Petrópolis: Vozes, 2009.

PAINE, Scott Randall. Exclusivismo, Inclusivismo e Pluralismo Religioso. Disponível em: www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/11%20Scott%20Randall%20Paine.pdf Acessado em 18/08/2013 









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