terça-feira, 17 de setembro de 2013

TEOLOGIA NATURAL - Samuel Alves da Silva

TEOLOGIA NATURAL
Samuel Alves da Silva*
*O Autor do artigo é Aluno do STPN, Seminário Teológico Pentecostal do Nordeste, Recife, Pernambuco.


RESUMO
Neste Artigo abordaremos os desafios e as implicações da Teologia Natural em detrimento da Teologia Revelacional, tendo em vista que a Teologia Natural vai partir do Pressuposto que se pode conhecer a Deus por meio da Natureza (Revelação Geral). A Teologia Natural depende dos argumentos racionais a favor da existência de Deus (Cosmológico, Moral, Teleológico), a maioria dos teólogos Naturais são seguidores de Tomás de Aquino, e acredita que é possível conhecer a existência, unidade e natureza geral de Deus, a partir da Revelação Natural.



Palavras-chave:
Teologia Natural, Teologia Revelacional, Revelação Geral, Revelação Especial.


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INTRODUÇÃO
Iniciemos este artigo impondo os limites entre as revelações, a revelação natural como correspondente a suficiência das Escrituras, a revelação natural nas escrituras nunca teve propósito de funcionar por si mesma, essa revelação era insuficiente sem o uso da revelação especial.
João Calvino (1509-1564) falando sobre a Revelação natural e especial “embora aquela claridade que se apresenta aos olhos dos homens, no céu e na terra, seja suficiente para extinguir a ingratidão dos homens – tal como Deus, para que o gênero humano seja envolvido por uma única acusação, propõe a todos que sua deidade seja manifestada nas criaturas – é necessário alcançar um outro e melhor apoio que nos dirija de modo probo para o criador do mundo. Desse modo, não foi em vão que deu a luz de sua palavra para que se tornasse a marca para sua salvação.”¹  A teologia natural alicerça-se sobre a razão e  aqui que pode ser deduzido da natureza, sem qualquer intervenção direta do poder divino, a razão e a observação substituem a revelação especial. A palavra natural foi usada por Platão e pelos filósofos estóicos em alusão as coisas que estão sujeita aos poderes racionais do homem e essa foi a idéia aproveitada pelos teólogos cristãos.

1 A TEOLOGIA NATURAL NO CONTEXTO DE ROMANOS 1
          Em Romanos encontramos alguma exposição da teologia natural. O Apostolo Paulo partia do pressuposto que havia uma revelação adequada na natureza, de tal modo que os pagãos ficam sem desculpa quando as perversões que praticavam, fica entendido que a natureza apresenta uma espécie de lei moral que pode ser entendida pelo homem, intuitiva e racional. Agostinho entendia que a teologia natural era insuficiente o conhecimento não revelado de Deus, abrindo caminho para a teologia revelada;
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¹       CALVINO, João A Instituição da Religião Cristã. São Paulo: Ed. UNESP,  2008, p.66.

Tomás de Aquino estabeleceu distinção entres os dois tipos de revelação dando o devido valor a teologia natural. Os primeiro capítulo de Romanos dá um certo espaço a teologia natural, mas a Bíblia favorece fortemente a teologia revelada, pois é a aquela que leva os homens ao conhecimento da Salvação em Cristo, ao passo que a teologia natural só permite aos homens tomem consciência dos atributos invisíveis de Deus, como seu eterno poder e a sua própria divindade no dizer de Paulo (Rm 1:20), só a teologia revelada nos fala do plano gracioso da salvação que Deus traçou em torno da pessoa de Cristo. Isso demonstra a importância da teologia revelacional. A teologia natural torna os homens indesculpáveis diante de Deus, quando não admitem a sua existência e nem glorificam como Deus, e a Revelação Bíblica ou revelacional conduz o homem ao conhecimento do Cristo revelado nas Escrituras.

2-   A REVELAÇÃO NATURAL E SOBRENATURAL
No escolásticismo distinção entre teologia natural e sobrenatural tornou-se mais rigorosa e transformou-se em um contraste absoluto, com um grande de seus expoentes, Tomás de Aquino, estava tão seguro baseado no conhecimento científico, é importante destacar que na teologia católica conhecimento e crença, razão e autoridade, revelação natural e sobrenatural, ocorrem de forma dualista, lado a lado. Dando destaque ao racionalismo na esfera da revelação natural e condena o sobrenatural.  A reforma assumiu a distinção entre revelação natural e sobrenatural, os reformadores admitiram uma revelação de Deus na natureza, mas a mente humana foi atacada pelos efeitos noéticos da queda, que os seres humanos não conseguem conhecer e entender corretamente essa revelação, daí a importância de Deus incluir em uma revelação especial, aquelas verdades que só podem ser compreendidas através da natureza, e que os serem humanos pudesse perceber Deus na natureza. Primeiro tinham que ser iluminados pelo Espírito Santo e depois a revelação nas escrituras como um óculos para entender a revelação. Outra mudança na reforma foi a forma pela qual a revelação sobrenatural era vista não como outra revelação, mas era primariamente por que excedia em muito os desejos dos humanos caídos em pecado, portando na reforma a Teologia natural perdeu a autonomia racional, ela não foi tratada separada, mas incorporada na doutrina da fé cristã.

3- TODA REVELAÇÃO É SOBRENATURAL
A Escritura embora estabeleça uma ordem natural entre revelação natural e sobrenatural, eles tem o mesmo peso, de acordo com a bíblia toda revelação é sobrenatural, pois tem origem em Deus, Deus esta sempre trabalhando (Jo 5.17). A distinção entre uma revelação natural e sobrenatural não é derivada da ação de Deus, que se expressa entre as duas, essa obra começa na criação, que é a primeira revelação de Deus, o início e o fundamento de toda revelação subseqüente, o conceito de revelação esta arraigado na criação, ao criar o mundo por sua palavra e dar-lhe vida através do seu Espírito Santo, Deus delineou os contornos básicos de toda revelação subseqüente. Para a Escritura, a religião e a revelação sobrenatural estão intimamente relacionadas. Ela fala dessa revelação não somente antes mais depois, mas também antes da queda. O sobrenatural não é estranho a natureza humana, nem a natureza das criaturas, ela pertence a essência da humanidade, os seres humanos são imagens de Deus e semelhança de Deus. A natureza desta revelação implica que Deus pode se revelar objetivamente e subjetivamente aos homens.

            4- A REVELAÇÃO GERAL É INSUFICIENTE
            Ela conhece o objetivo, mas não o caminho, ela leva as pessoas a extraviar-se e suprime a verdade, portanto outro caminho é necessário para a verdade, a revelação geral nos mostra os atributos de Deus, existência de Deus, mas não nos leva a Cristo. A revelação geral é insuficiente para os seres humanos como pecadores, ela nada sabe sobre graça e perdão, é uma revelação da ira de Deus Rm. 1:18-20, no máximo esta revelação pode comunicar certas verdades, mas nada muda na existência. Apesar disso a revelação geral tem sua importância, nesta revelação os cristão tem um firme fundamento sobre o qual encontram todos os não cristãos.

5- REVELAÇÃO  ESPECIAL
A religião não consegue viver somente com a revelação geral, uma revelação especial de Deus é necessária, a profecia ou inspiração é outro modo de revelação, nela Deus comunica seus pensamentos aos seres humanos, a revelação que a escritura nos trás não consiste em um numero de palavras desconexas e fatos isolados, mais é um todo histórico e orgânico, um sistema de atos divinos de controle e renovação do mundo contemplando: Criação, queda, redenção, consumação e glorificação.


            ANOTAÇÕES FINAIS
            Tanto a revelação geral como especial, sempre esta acompanhada pela iluminação do Espírito Santo. Embora a revelação especial pertença ao passado na medida em que veio dos profetas e dos apóstolos, ela sempre esta presentes na Escritura, assim como pela revelação especial Deus continuamente se faz conhecido a todos os seres humanos. Assim também pela Escritura dia após dia Ele se revela a todos aqueles que vivem de acordo com o seu evangelho. A revelação objetiva como subjetiva, tanto num sentido geral como especial, são transportadas pelo testemunho do Espírito através dos séculos até que na manifestação final de Cristo encontre seu fim.



REFERÊNCIAS


Geisler, Norman Enciclopédia de Apologética, São Paulo: Editora Vida, 2002

CALVINO, João A Instituição da Religião Cristã. São Paulo: Ed. UNESP,  2008

Bavinck, Herman Dogmática Reformada. São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 2012, Vol. I




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