terça-feira, 17 de setembro de 2013

ORDENAÇÃO FEMININA: PERMISSÃO OU IMPEDIMENTO BIBLICO? Lígia César

ORDENAÇÃO FEMININA: PERMISSÃO OU IMPEDIMENTO BÍBLICO? - Lígia César
ORDENAÇÃO FEMININA: PERMISSÃO OU IMPEDIMENTO BIBLICO?
Lígia César
Seminarista do IV ano do Curso de Teologia do Seminário Teológico Pentecostal do Nordeste


RESUMO


Este artigo apresenta conceitos e apreciações referentes ao significado do que seja igualitarista e diferencialista, obrigação e submissão. Para que sirva como instrumento aos estudiosos da Palavra de Deus como matéria de esclarecimento e defesa da fé cristã, frente à avalanche de significados que vem surgindo, no meio evangélico.
Palavras chave: Igualitarista e Diferencialista, Obrigação e Submissão

1. INTRODUÇÃO
Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus coerdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações” (1Pe 3:7).

Tenho observado que existe uma questão onde se diz que a mulher não deve ocupar cargo na igreja. Um bom exemplo dessa questão é quanto a ordenação feminina, confesso que esse título não me agrada, no entanto existem mulheres que tem uma grande capacidade de liderança. O que fazer com esse dom? Jogar fora? Não foi Deus quem deu? Acredito que o homem deve estar preocupado em ser e fazer aquilo que Deus colocou em suas mãos. Ao negligenciar, ele dá o direito de outra pessoa vir e fazer aquilo que ele deixou de fazer, haja vista que muitas mulheres têm sido mãe e pai. A carga é pesada, mas elas têm feito isto com muita dignidade. Diante dessa reflexão, vamos deixar nossos filhos morrerem de fome? Vamos deixar o povo morrer sem ouvir a palavra de Deus? Acho que tudo isso começou em Gênesis 3.
Se o nosso olhar estiver direcionado nesse ângulo, realmente não vamos ter muita saída; fica quase impraticável aplicar os mandamentos de Deus. Quase todas as culturas tem se submetido aos ditames do mundanismo. E os homens realmente tem novamente negligenciado o papel que o Senhor Deus entregou em suas mãos; entregando-se às paixões que o mundo oferece: o sexo fácil, a comodidade de ter uma renda a mais, negligenciando dessa forma a educação dos filhos, quando os tem. A falta de compromisso no que diz respeito à palavra de Deus e a Igreja propriamente dita. Isso não é muito difícil de ser comprovado; basta entrar em uma Igreja e vamos constatar que o maior número de membros é de mulheres.
Creio piamente que essa mudança em nosso sistema tem realmente afetado a Igreja de tal maneira que essa geração não pode realmente conceber a proibição divina de a mulher ocupar cargo que seja exclusivo para o homem na Igreja, e até mesmo de modo geral se submeter a uma liderança masculina. E o que é mais grave, nem mesmo os homens têm consciência disso. As palavras chave aqui são “submissão” e “obrigação”. Quase sempre que essas palavras são pronunciadas gera certo desconforto naqueles que as ignoram. Mas se honestamente procurarmos nos desprender de quaisquer pressupostos, não encontraremos em pesquisa nenhuma abordagem de grandes nomes ligados à teologia, que venham validar biblicamente a ordenação feminina. Por outro lado, descobriremos as maravilhas que Deus designou para cada um dos gêneros: homens e mulheres.
2. OPINIÕES TEÓRICAS QUANTO À ORDENAÇÃO FEMININA
Segundo Augusto Nicodemos Lopes, existe duas posições no que se refere ao assunto: os igualitaristas e os diferencialistas. Os igualitaristas defendem a opinião que Deus criou originalmente o homem e a mulher iguais; a subordinação feminina se deu em relação à queda. Seria uma espécie de castigo divino com consequentes reflexo socioculturais. Com o advento de Cristo essa punição e seus reflexos são removidos.
Os diferencialistas entendem que, desde a Criação, Deus estabeleceu papeis distinto para ambos; logo a queda não interfere nos gêneros masculino e feminino. Os diferencialistas defendem a tese que, antes mesmo da queda, Deus estabeleceu papeis distintos para o homem e para a mulher. Devemos entender que essas diferenças são propositalmente pré-ordenadas para que ambos se completem de forma harmoniosa e agradável, porque tudo que Deus criou foi bom, para poder receber o homem e a mulher. Gn, 1 26-27. O Senhor Deus não iria criar nada semelhante a ele que fosse ruim.
Devemos também levar em consideração que os valores socioculturais, nem sempre refletem os reais valores estabelecidos por Deus. Os diferencialistas defendem igualdade antológica do ser e diferença de funções e papeis entre homem e mulher. Enquanto os igualitaristas defendem a tese baseando-se no avanço da civilização, na modernização, no progresso humano e no crescimento participativo das mulheres em outras áreas proeminentes da sociedade, essa é uma visão bem humanista. Em uma cultura que ignora o que significa submissão e obrigação referente à Lei de Deus, certamente uma ideia preconcebida irá opor-se, antes mesmo de qualquer tipo de investigação.
Segundo John Piper, homens e mulheres têm dons dados por Deus ambos são ministros que preparam os santos para o ministério, Ef. 4:12. O ministro é a canalização da graça de Deus é através dos dons espirituais que cristãos são aperfeiçoados e trazem (de fora) para a igreja aqueles que foram eleitos por Deus. É através dos dons que somos despenseiros da multiforme graça de Deus. 1Pe 4:10. Todos os dons são dados tanto para homens como para mulheres, mas isso não decide como o dom deve ser usado. Em sua opinião o oficio de presbítero ou pastor é uma responsabilidade apenas do homem. Ou seja, a congregação propriamente reunida. “A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição” (1Tm. 2:12).
Segundo Wayne Grundem, em um estudo sobre o pensamento do apóstolo Paulo nos diz que, o impedimento está em ensinar a Bíblia em uma assembleia, exercendo autoridade masculina. No entanto, isso não impede a mulher de ensinar aptidões, como grego, hebraico, ou aconselhamento bíblico, passarem informações a igreja, como um relatório de atividades. Ele diz que é importante distinguir entre ensinar a Bíblia, e ensinar aptidões ou dar informações.
A pergunta é: pode mulheres ser ordenadas para servir como Pastoras, presbíteras e diaconisas? Devemos levar em consideração o tempo em que vivemos, bem como nos ensinam as ciências relativo à teologia, como a psicologia e a sociologia, ou seja as ciências em geral, mas essa questão só pode ser esclarecida a luz das escrituras.
O conflito se estabelece quando pelo um espírito de rebeldia ou por comodismo não se empenham em um estudo mais apurado no que diz respeito à hermenêutica e a exegese bíblica, isso requer tempo e desprendimento. Não existe outro caminho a ser percorrido a não ser o caminho da investigação, o caminho da submissão a Deus do qual temos obrigações e deveres. Quando nos referimos ao vocábulo, “submissão”, no que se refere à vida cristã, estamos nos referindo a uma vida piedosa, submissa a Deus, bem como quando nos referimos ao vocábulo “obrigação” estamos nos referindo a esse cristão que tem uma vida piedosa e tem um compromisso com os mandamentos de Deus em relação a sua palavra e aplicabilidade.
Não vamos aqui se estender, mas há um número bom de obras onde aqueles que têm amor a Deus e a sua palavra que pode dedicar-se ao desenvolvimento do aprendizado. Já que o assunto “é polêmico para alguns”, mas há uma advertência a ser feita para os interessados, não se aprende enquanto estiverem escravizados por pressupostos culturais, religiosos e quando não estiverem preparados para mudanças, e deixar que as escrituras tenham a palavra final. Não devemos apenas usar algumas passagens bíblicas de forma isolada, que nem sempre são claras para validar qualquer argumentação, tais como Rm. 16.7, onde se ler “apóstolo” e “Junias”. Alguns igualitaristas usam essa passagem para afirmar a ordenação feminina, no entanto estudos exegéticos e hermenêuticos afirmam que esse texto não é valido para sustentar qualquer argumentação, tanto por parte de igualitaristas como diferencialistas, porque, há uma controvérsia quanto ao gênero (feminino e masculino), que tem origem grega. No entanto, deve-se levar em consideração que Jesus não escolheu mulheres para serem apóstolos. E ainda, Epfânio, o bispo de Salamina, menciona Júnias de Rm. 16.7 como sendo um homem que veio a ocupar o bispado de Apaméia, Síria.
Gálatas 3.28 “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. A abordagem igualitaristas com relação a essa passagem diz que com a vinda de Cristo estão abolidas todas as diferenças entre homens e mulheres voltando a ser como no início da criação. Todavia, antologicamente o homem e a mulher desde o início da criação foram feitos iguais, com funções e atividades diferentes, mesmo antes da queda. Essa passagem é passível de um estudo exegético mais apurado, com relação ao contexto e estrutura das palavras, e quanto a nossa posição diante de Deus, homem e mulher.

3. CONCLUSÃO
No entanto devo expressar a minha opinião diante do estudo parcial que fiz a respeito da ordenação feminina, ou seja, quanto ao ministério da mulher no que diz respeito à determinada função onde comumente atribuí-se ao homem. Bem, o ministério de levar as boas novas de Jesus não está na Bíblia especificado quem deve levar essa notícia, porque hora vamos encontrar Jesus falando para homens, como na grande comissão, quando ele diz aos onze, “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações.” (Mt 28:18; Mc 16:16). Já na província de Samaria quando Jesus deixou a Judéia, e a Galiléia, encontrou-se com uma mulher samaritana. Para se ter uma ideia de quem era essa mulher, olhemos para história. O povo samaritano era muito discriminado pelos judeus e na escala de discriminação os samaritanos ficavam em último lugar. “Há duas nações que minha alma detesta e uma terceira que nem sequer é nação” (Eclo 50,25-26). Os judeus odiavam os samaritanos e tinham um preconceito muito grande com relação às mulheres, veja só a oração que eles faziam logo pela manhã! “Deus, eu te agradeço por não ter nascido pagão, por não ter nascido escravo e por não ter nascido mulher.” Essa oração nos dá a ideia da dimensão da discriminação em relação às mulheres, imaginem só o que seria ser “mulher e samaritana”. Além desses predicados que essa mulher tinha era de ter tido cinco maridos e nenhum dela!
A Bíblia relata em João 4:3-42 que Jesus sendo homem, judeu, teve um encontro e falou com aquela mulher samaritana, sem nenhum preconceito, motivo de admiração por parte de seus discípulos e até mesmo da mulher, acostumada a ser descriminada. Onde no final daquela conversa a mulher samaritana voltou para a cidade falou para os “homens” da cidade a respeito de Jesus e muitos creram em virtude do “testemunho da mulher”. Essa questão entre a mulher e homem começa desde Gênesis quando o homem deixa de realizar o papel para o qual Deus lhe ordenou: “cuidar e obedecer”, passando a acusar a mulher pelos seus erros e o que é pior, ele acusa também a Deus. “A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.” (Gn 3.12). Desde então o que era para ser prazeroso e harmonioso, se estabeleceu em disputa, falta de harmonia e inversão dos papeis e valores. Não podemos mudar o que já foi feito, por mais que nos desagrade e acredito que esse é o real sentido, não está de conformidade com o pecado, Deus não nos criou para disputa, mas para a união.
Depois da queda o desejo da mulher seria de controlar o homem e por sua vez o homem a dominará (Gn 3.16). Assim também o homem seria tentado, mas também cabe a ele dominar os desejos pervertidos do pecado, como está escrito em (Gn 4.7). As instruções do Apóstolo Paulo a Timóteo. "Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio." (1Tm 2: 12) se refere à disciplina na igreja, o apóstolo estava tendo o cuidando de não cair na tentação de não cuidar das instruções dadas por Deus, assim como foi dada a Adão, permitindo que falsos ensinamentos pudessem botar a perder todo o seu trabalho, colocando em risco o rebanho. A mesma instrução foi dada aos coríntios, “Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos. As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a Lei”. (1Co 14. 33-34).
Não há confusão na palavra de Deus, tudo é bem claro, e Deus não é Deus de confusão, tudo foi criado conforme as necessidades e com suas funções, a mulher não é mais nem menos para Deus. Diante de Deus somos todos iguais, mas diferentes em função, e gênero e devemos nos submeter a essas diferenças. Um peixe não pode viver e exercer suas funções fora da água, assim como um homem não pode viver e exercer funções da mulher e a mulher não pode viver e exercer funções atribuídas aos homens. É por isso que Paulo escreve: “Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo”. (Ef. 5:23), Assim como na trindade, há diferença e unidade entre Pai, Filho e Espírito Santo. “Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo”. (1Co 11:3).
Os relacionamentos segundo os propósitos de Deus devem ser harmonioso, respeitoso, sabendo que homem e mulher são igualmente herdeiros das promessas de Deus, de forma que a morte de Jesus não foi apenas para os homens, mas para as mulheres também. Não! Não vamos distorcer o que Deus fez! Homem e mulher têm papeis e funções diferentes sim. Já pensou um homem parindo? E o que me diz do casamento homossexual? Que aberração! Uma família só é harmoniosa quando reconhece o que é ser pai, ser mãe e ser filho, tornando-se assim uma unidade. Por que deve ser diferente na igreja do Senhor? Não é muito difícil compreender isso se realmente estivermos dispostos a aprender o que é obrigação, subimissão e obediência. Acredito que a resposta do início do texto esteja aí, nesse desequilíbrio dos papeis, mulheres sendo mãe e pai, assumindo muitos papeis tornando a carga realmente pesada. Elas fazem isto com dignidade. Claro que sim, mais não foi assim que Deus projetou. E para ser mais sincera, devo admitir que o número da criminalidade tem aumentado: drogas, prostituição, falta de amor, desrespeito contra o idoso, contra a criança e contra a natureza. A família! Há a família, essa está agonizando quase em seu ultimo suspiro.
“E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm; Estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem”. (Rm 1:28-32).


REFERÊNCIAS

GRUDEM, Wayne. Confrontando o feminismo evangélico. São Paulo: Cultura Cristã, 2009.
KNIGHT, George. A Lei de Deus e a

Um comentário:

  1. É muito cômodo para um homem se posicionar dessa forma, o "papel" da mulher é diferente, mas diga-se de passagem sempre numa posição de subalternidade, nunca poderá liderar, sempre obedecer. Para homens deve permanecer assim, sobretudo para os egoístas, sobre esse argumento de papéis e usando versículos isolados da bíblia tirar qualquer autonomia da mulher e possibilidade de protagonismo, de ter sua opinião respeitada. Amor e caridade jamais estão presentes em uma visão que sempre relega um ser para segundo plano, e enaltece o outro só pelo fato de ter órgãos reprodutores masculinos.

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