quarta-feira, 18 de setembro de 2013

PRESSUPOSICIONALISMOX EVIDENCIALISMO - Sebastião Ribeiro da Silva

PRESSUPOSICIONALISMOX  EVIDENCIALISMO
                                                                      
                                                                                                          Sebastião Ribeiro da Silva

RESUMO:     Este artigo faz abordagens sintéticas sobre os métodos empregados pelospressuposicionalistas e Evidencialistasa respeitoda unidade do pensamento cristão e não- cristão. Além das definições de cada método apresentado, veremos algumas divagações de renomados teólogos sobre o tema em destaque. Quais seriam as causas para existência de tantas cosmovisões no mundo atual. Sob que verdade a humanidade hoje vive? Por que Deus está sendo reduzido ao nada absoluto? Como é vista as Escritura na ótica Pressuposicionalista e Evidencialista? Como impedir o naufrágio da verdade nas Igrejas do século atual? Como o apologetaFrancis August Schaefferanalisa os conceitos sobre pressuposicionalismo em detrimento ao “evidencialismo”? Além de fazer uma profunda análise sobre qual a “verdade” tem conduzido o homem neste mundo factual, alertando as lideranças cristãs sobre um terrível precipício surgido em gerações passadas, e atua vorazmente no século atual, em decorrência quase que totalmente por causa de uma mudança no conceito da “verdade”. E para onde quer que olhemos hoje em dia, vemos novos conceitosfilosóficostentando impor-se perante a verdade revelacional de Deus.Segundo Schaeffer, quer olhemos para as artes, as literaturas, ou simplemente leiamos jornais e revistas, tais como Time, Life, Newsweek, etc, o consenso ao nosso redor será quase monolítico, ou sejaimpenetrável ou rígido. Disse mais, que a tragédia da nossa situação hoje é que os homens e mulheres estão sendo fundamentalmente afetados por uma maneira nova de encarar a “verdade” e, contudo, nuncasequer analisaram o desvio ocorrido. Os jovens nos lares cristãos são educados dentro da velha estrutura da verdade e depois são submetidos à estrutura moderna. Com o tempo ficam confusos porque não conseguem compreender as alternativas que lhes estão sendo apresentadas. A confusão se transforma em perplexidade e em pouco tempo estão completamente subjugados.Isto, infelizmente, é verdade não só para os jovens, mas também para muitos pastores, educadores cristãos, evangelistas e mesmo missionários. Assim, esta mudança no conceito de como chegamos ao conhecimento e à “verdade” é o problema mais crucial. Schaefferentendia que o Cristianismo enfrentava essa situação alienada, em sua época, porém, a visão desse homem de Deus tinha conotações futuristaspara a época atual (século XXI). Portanto, urge que os pseudos pressupostos e cosmovisões sejam combatidos à luz das Escrituras Sagradas para que o Cristianismo verdadeiro possa urgentemente emergir da dormência ideológica, que se encontra imergido.

Palavras chaves: Verdade, Escrituras, Pressuposicionalismo, Evidencialismo, Não-Cristão, Cosmovisões, Filosofia, Empirismo.

INTRODUÇÃO

                        Este artigo fará abordagem enfocando o pressuposicionalismo e o evidencialismo que se constituem em temasde grande relevância para o momento atual vivido pelo Cristianismo.Quando estudamos o pensamento das gerações passadas, constatamos que todos viviam com quase as mesmas pressuposições, as quais na prática pareciam estar de acordo com as próprias pressuposições do cristão. Schaeffer diz que isto era verdade tanto na área da epistemologia quanto na de metodologia. Ora, poderia alguém argumentar, o não cristão não tinha o direito de agir baseado nas pressuposições sobre as quais agia. O racionalismo ou humanismo é a unidade dentro do pensamento não-cristão. É verdade. Aceitando respostas otimistas sem uma base suficiente, estavam sendo românticos. Continuaram, todavia pensando e agindo como se essas pressuposições fossem verdadeiras. Quais eram essas pressuposições? Schaeffer esclarece que a básica era que na realidade existem coisas tais como absolutos. Aceitavam a possibilidade de um absoluto na área do Ser (ou Conhecimento) e na área da Moral. Logo aceitavam a possibilidade de absolutos, ainda que pudessem discordar no que estes fossem, poderiamcontudo argumentar entre sí na base clássica da antítese. Assim, se algo era verdade, o contrário era falso. Na moralidade, sealgoeraverdade, ocontrárioeraerrado. É preciso compreender que a questão da metodologia é basicamente assunto da epistemologia. Veremos que o alvo de todo cristão é avaliar as diversas cosmovisões que estão competindo pela fidelidade do povo. Mas para fazermos isso precisaremos ter um alicerce de conhecimento. Caso contrário, como vamos conhecer a verdade?  
                        O presente artigo também demonstrará de forma suscinta,que o cristão precisa de saber fazer uma abordagem para um engajamento intelectual, que seja tanto flexível como invencível, que possa se adaptar a qualquer situação e que sempre vencerá. Logo, o nosso propósito, nesse artigo, será agrupar as principais abordagens apologéticas em duas categorias gerais. Aprimeira é o evidencialismo e a segunda e o pressuposicionalismo, que estão em contínuo confronto no dia-a-diade todos nós, que professamos a palavra de Deus ao mundo.
                        Outrossim, arranjamos o caso para a existência de Deus e as razões históricas para o Cristianismo como a primeira linha de argumento, como os apologistas evidencialistas afirmam? Ou nossa defesa da fé deveria começar com as armas espirituais que podem penetrar o coração, a saber, a Palavra de Deus e o Espírito de Deus?
                        Uma das principais questões com respeito à apologética é ter uma antropologia (doutrina do homem) e hamartologia (doutrina do pecado) bíblica. Qual é a natureza desse homem ou mulher incrédulo? Como o pecado afetou a capacidade dessa pessoa entender a verdade de Deus? Qual é a melhor abordagem para lidar com a incredulidade? Se o problema principal do incrédulo é moral e espiritual, não deveria nossa estratégia como um cristão abordar diretamente os problemas morais e espirituais do incrédulo? Ou seria fazer um apelo à razão do incrédulo? Quem sabe, ainda, deveriamos fazer um apelo à razão do incrédulo e oferecer-lhe a oportunidade de examinar se as evidências estão verdadeiramente do lado do Cristianismo? Indagações como estas serão respondidas ao longo do desenvolvimento desse artigo. 

DESENVOLVIMENTO

1. - Pressuposicionalismo e a sua Metodologia

                        O pressuposicionalismo é classificado como a segunda metodologia do sistema apologético. As argumentações fundamentais dopressuposicionalismo estão embasadassempre nas verdades bíblicas reveladas por Deus. É o sistema que defende o cristianismo tendo como ponto de partida certas pressuposições básicas. O apologista pressupõe a verdade do cristianismo e depois raciocina a partir desse ponto. Uma pressuposição básica é que o não-cristão também tem pressuposições que afetam tudo que ele ouve sobre Deus. Outra é que de certa forma a pessoa abordada está, como Agostinho disse, “lidando” com Deus e, como o primeiro capítulo de Romanos assevera de maneira tão condenadora, suprimindo o conhecimento da verdade. O papel do apologista é apresentar a verdade do cristianismo e a falsidade de qualquer cosmovisão oposta a Cristo.
                        A apologética pressuposicional é oposta ao evidencialismo e à apologética clássica. A apologética pressuposicional difere da clássica porque rejeita a validade das provas tradicionais da existência de Deus. Além disso, a apologética pressuposicional difere da clássica e da histórica no uso da evidência histórica. Tanto a apologética clássica como a histórica argumentam a favor do uso da razão como ponto de partida e a evidência para demonstrar a verdade do cristianismo. O pressuposicionalista, por outro lado, insiste que é preciso começar com pressuposições ou cosmovisões. O apologista histórico acredita que os fatos históricos são óbvios e auto-evidentes em seu contexto. O pressuposicionalista puro, ao contrário reitera que nenhum fato é auto-evidente, que todos os fatos são interpretados e podem ser entendidos adequadamente apenas no contexto da cosmovisão geral.
                        Segundo Francis Schaeffer, opressuposicionalismoparte do pressuposto da metodologia, que assevera que o apologista deve simplesmente pressupor a verdade do cristianismo como o ponto de partida apropriado da apologética.   
           
            1.1 – Tipos de Pressuposicionalismo

                        De um modo geral, há se sempre aqueles que costumam classificar opressuposicionalismo em cinco métodos, a saber:O Método Clássico; O método Evidencial; O Método do Caso Cumulativo; O Método Pressuposicional e o Método da Epistemologia Reformada. Todavia, dependendo de como é definido, há aqueles que classificam três ou quatro tipos básicos de pressuposicionalismo, e é sobre esses que abaixo discriminamos.
PressuposicionalismoRevelacional: Afirma que é preciso começar qualquer compreensão racional da verdade pela pressuposição da verdade cristã. É preciso supor que o Deus Trino revelou-se nas Escrituras, a Palavra divinamente autorizada de Deus. Sem essa pressuposição não é possível entender o universo, a vida, a linguagem, a história ou qualquer outra coisa. Esse tipo de argumento às vezes é denominado argumento transcendental, isto é, o argumento que começa estabelecendo as condições necessárias sob as quais todos os outros tipos de conhecimento são possíveis. Essas condições necessárias supõem que o Deus trino se revelou nas Sagradas Escrituras.
                        Pressuposicionalismo Racional: Esse é o sistema apologético do falecido Gordon Clark e seu distinto discípulo Carl F. H. Henry. Como outros pressuposicionalistas, o opressuposicionalista racional começa pela Trindade revelada na Palavra escrita de Deus. Mas o teste para saber se isso é verdadeiro é simplesmente a lei da não-contradição. Isto é, sabe-se que o cristianismo é verdadeiro e todos os sistemas opostos são falsos porque todos eles têm contradições internas e apenas o cristianismo é inteiramente coerente. Logo, um princípio racional, a lei da não-contradição, é usado como teste da verdade.
                        Consistência Sistemática: John Carnell e seu discípulo, Gordon Lewis, desenvolveram um pressuposicionalismo que tem dois ou três testes para a verdade da pressuposição cristã. Como os pressuposicionalistas racionais, eles acreditam que um sistema deve ser racionalmente coerente. Mas, além disso, afirmam que o sistema deve incluir de forma abrangente todos os fatos. Mais tarde Carnell acrescentou um terceiro teste – relevância existencial. O sistema deve suprir as necessidades básicas da vida. O único sistema, segundo eles, que passa nos três testes é o cristianismo. Portanto, o cristianismo é verdadeiro e todos os outros sistemas opostos são falsos.
                        Pressuposicionalismo Prático: A abordagem apologética de Francis Schaeffer também foidescrita por muitos como pressuposicional. Nesse caso, trata-se de um pressuposicionalismo prático. Uma e suas características principais é que todos os sistemas não-cristãos não podem ser vividos. Apenas a verdade cristã é vivenciável. Nesse sentido, usa-se a capacidade de vivência como teste da verdade do cristianismo.

            1.2 –Pressuposiçionalismo nas Obras de Francis Schaeffer

                         Segundo Schaeffer seria impossível preservar a imagem humana sem uma relação explícita e vital com o Deus de Jesus Cristo e da história Bíblica. Schaffer argumentou ao longo de suas obras apologéticas, como “O Deus que Intervém”, “O Deus que se Revela”, “A Morte da Razão” e “Como Viveremos”, que a imagem elevada do ser humano acalentada pelo Renascimento do século XIV era derivada do cristianismo, e que ao recusar a necessária conexão entre essa imagem humana e a imagem divina em nome da autonomia absoluta, o homem moderno fracassaria, como de fato fracassou, em manter a sua dignidade. No século XIX teria emergido claramente a contradição moderna entre a visão do homem como uma máquina, fruto de processos naturais impessoais e objeto de manipulação tecno-científica, e o ideal de homem como indivíduo livre, capaz de se autodeterminar e de expressar a si mesmo na arte e na moralidade.
                        O problema, segundo Schaeffer, é que o homem, ou é máquina impessoal, ou é pessoal e livre. Sendo comprometido, por um lado, com a visão moderna e cientificista de que o universo é essencialmente impessoal (com o propósito de afirmar autonomia frente à religião), mas ao mesmo tempo sentindo, desejando e afirmando em si mesmo a sua transcendência pessoal e sua liberdade em relação à natureza (afinal, a imagem divina continua presente nele), o homem moderno entrou em colapso. Ele segue dois comandos contraditórios. E a solução escolhida no século XX foi “cruzar a linha do desespero” e dar o “salto irracional”. Como? Procurando encontrar o sentido da vida em algum tipo de experiência emocional, ou sensorial, ou numa expectativa utópica sem conexão com a racionalidade. A espiritualidade continua presente, mas separada do campo da “razão”, e ao mesmo tempo sendo manipulada por uma elite que emprega uma racionalidade instrumental.
                        Schaeffer é um mestre de espiritualidade com uma abordagem genuinamente pós-iluminista; talvez um dos poucos que temos assim. Ele escreve sobre espiritualidade cristã e evangelização genuína no mundo de hoje, em termos de como esse mundo funciona, confrontando a mente moderna/hipermoderna e mostrando com clareza a verdade do evangelho. 
            1.3–Aspectos Positivos do Pressuposicionalismo

            ASSUNTO
PRESSUPOSICIONALISMO
Ponto de Partida lógico
Onde a Bíblia Começa
Terreno Comum

Não há terreno comum, pois, o descrente parte do pressuposto que Deus não existe.
Prova da Verdade
As reivindicações da Bíblia.
O Papel do Raciocínio
Procura mostrar as incoerências do sistema não-Cristão.
A base da Fé
A Palavra e Autoridade de Deus.

                        O pressuposicionalismo é acusado de argumentar que a Bíblia é verdade porque ela diz que é. O instinto natural de muitos cristãos é tentar ir para fora das Escrituras quando tentam provar sua genuinidade (o que é precisamente o que apologistas clássicos e evidencialistas fazem). Afinal, o naturalista ou racionalista não concorda que a Bíblia seja verdade, então apelar para a autoridade da Bíblia é meramente circular e inútil, certo?
                        Mas aqueles que fazem esse tipo de objeção falham em perceber que eles fazem exatamente a mesma coisa. Todos raciocinam de acordo com suas próprias pressuposições últimas. Toda filosofia raciocina a partir de seus próprios padrões epistemológicos, senão ela seria inconsistente com ela mesma.
                        Por exemplo, se nós perguntarmos a um racionalista por evidências para a sua credibilidade no racionalismo como uma teoria adequada do conhecimento, ele irá nos dar uma razão. Ou se perguntarmos a um naturalista por evidências para a sua credibilidade no naturalismo como uma teoria adequada do conhecimento, ele irá nos dar um resumo de fatos observados na natureza. Mas quando eles demandam evidências das Escrituras e nós lhe damos um versículo, eles gritam: “Raciocínio circular!” Mas isso não é mais circular do que o que eles fazem. Estão simplesmente sendo consistente com sua própria epistemologia.
                        Os racionalistas apelam para a razão como fonte de conhecimento. É isso que os torna racionalistas. Naturalistas apelam para a natureza como sua fonte de conhecimento. É isso que os torna naturalistas. Mas os cristãos devem apelar para as Escrituras como fonte do conhecimento. É isso que nos torna cristãos. Nós não devemos, então, renunciar o que nos torna distintamente cristãos em nossa epistemologia. Além do mais, se nós estamos tentando ajudar um incrédulo a entender que a Palavra de Deus é a autoridade suprema para a vida de todas as pessoas, para que autoridade maior nós poderíamos apelar para demonstrar isso? Não existe tal autoridade!
                        A propósito,Jonathan Edwards nos provê a reflexão crucial quando ele diz: “O evangelho do Deus bendito não sai por aí implorando por evidências, assim como alguns pensam: ele tem nele mesmo sua própria e maior evidência” (Religiosos afectos). Isso quer dizer que a Palavra de Deus por si só é tão autoautenticadoramente gloriosa que a própria glória é sua própria evidência. Nosso trabalho é, então, colocar essa glória à vista, reconhecendo que nada mais irá convencer o pecador de seu pecado e do amor de Cristo. Logo, o pressuposicionalismo continua consistente com essas realidades bíblicas enquanto outras escolas de apologética não.

            1.4 - Comparação entre Apologética Tradicional e Pressupocional (ou "Problemas com o Método Tradicional") por Cornelius Van Til.

Assunto
Tradicionalismo Consistente
Pressuposicionalismo
Existência de Deus

É somente “possível” embora altamente provável.
É ontologicamente e “racionalmente” necessária.
O Conselho de Deus

Não é a “causa” última, toda inclusiva, de tudo que acontece.
É a “causa” última, toda-inclusiva de tudo que acontece.

A Revelação de Deus:
Necessidade

A revelação natural pode ser entendida “por conta própria.”
Revelação geral (natural) nos termos das obrigações colocadas sobre ele, por Deus, através da revelação especial.
A Revelação de Deus:
Claridade

A revelação natural e especial são incertas ao ponto de que o homem pode somente dizer que a existência de Deus é "provável".
A revelação natural e especial são claras ao ponto de que o homem pode se assegurar da existência de Deus.


A Revelação de Deus:
Suficiência
Permite uma realidade última de "possibilidade", à partir do qual podem vir alguns "fatos" completamente novos para Deus e para o homem. Tais "fatos" não deveriam ser interpretados e explicados nos termos da revelação geral ou especial de Deus.


Não há um realidade de "possibilidade".

A Revelação de Deus
Autoridade

É secundária à autoridade da razão e da experiência. O homem a identifica e reconhece sua "autoridade" somente nos termos de sua própria autoridade.
A Palavra de Deus é auto-testificadora e disto, é derivada sua autoridade. As Escrituras identificam a si mesmas.
A Criação do Homem
à imagem de Deus

É comprometida pelo pensamento de que a existência e o conhecimento do homem são independentes da existência e do conhecimento de Deus.
É sustentada pois o homem deve "pensar nos pensamentos de Deus depois dos seus".
A Relação Pactual de
Deus com o homem

A relação pactual de Deus com o homem                sustenta o entendimento que a ação representativa de Adão não é absolutamente determinativa do futuro.
Sustenta o entendimento de que a ação representativa de Adão é absolutamente determinativa do futuro.
A Corrupção da
Humanidade

A corrupção da humanidade não entende que a depravação ética do homem (se é que há alguma) se estenda ao todo de sua vida, até mesmo aos seus pensamentos e atitudes
Entende que a depravação ética do homem estende-se ao todo de sua vida, até mesmo aos seus pensamentos e atitudes.
A Graça de Deus

A graça de Deus sustenta que o homem deve, ele mesmo, renovar o seu entendimento, pelo "uso devido da razão".
É o pré-requisito necessário para "renovar o entendimento".


2.–O Evidencialismo e a sua Metodologia   

                        O evidencialismo é a primeira metodologia da apologética que afirma que a verdade do Cristianismo pode ser demonstrada como algo bastante provável. Essa metodologia assume a postura que a melhor abordagem para se provar a existência de Deus, a veracidade da Bíblia, e a pessoa de Jesus Cristo é partir das evidênciashistóricas.
                         Para os evidencialistas oque há em comum entre océticoe o crente é o “fato”,e este obviamente, histórico, por isso, a comprovação da historicidade ou da cientificidade deve ser o ponto de partida para uma defesa da fé consistente.
                        O grande problema do evidencialismo é asseverar que a apologética não pode começar a partir do pressuposto do Deus das Escrituras. Normalmente seu ponto de partida é o mesmo do cético, e a metodologia necessariamente enfia as suas estacas no empirismo. 
                        A apologética evidencialista é um nome enganoso, mas aceitável, tanto é que VicentCheng inclui tanto a apologética clássica com a evidencial numa só categoria, face a similaridade suficiente entre as duas, independente de existir algumas diferenças significativas entre elas.

            2.1 –    Aspectos Negativos do Evidencialismo

                        A apologética evidencialista apresenta três fraquezas principais, segundo Vicente Cheung, senão vejamos.

“Primeiro, biblicamente falando, o evidencialismo é infiel. Suas suposições, raciocínios e intenções não refletem o que a Escritura diz sobre Deus, o homem, a verdade e o pecado. Mas visto, que estamos fazendo apologética para defender a fé da Escritura, essa abordagem mina seu próprio propósito professo desde o início. E se a Bíblia é uma revelação da verdade, então algo que a contradiga deve ser falso. 
Segundo, racionalmente falando ele é impossível. Ele começa e prossegue com os mesmos primeiros princípios, a mesma base irracional, que os incrédulos afirmam.O não-cristão confia em sua própriasensação, mas não pode fornecer uma justificativa para o empirismo. Ele apela para a sua intuição, mas não pode mostrar que a mesma reflete outra coisa que não seu preconceito subjetivo. Ele confia no seu raciocínio indutivo, mas não pode demonstrar sua validade racional. Ele pratica o método científico, que além de formalmente falacioso, depende da indução, sensação e frequentemente da intuição também.
Terceiro, falando de maneira prática, o evidencialismo não pode ser usado. Mesmo que ignoremos a primeira e a segunda série de problemas com o evidencialismo, na prática sua eficácia depende da credulidade do oponente. Essa abordagem pode fazer afirmações e alegações sobre “evidências”, que apoiam essas afirmações, mas não pode apresentar essas evidências no momento do debate. Os dados científicos relevantes, os fragmentos de manuscritos, os artefatos antigos, e assim por diante, não estão prontamente disponíveisou portáveis para que a pessoa possa prontamente mostrá-los ao oponente como argumentos que são feitos sobre a base dessa evidência.”
(Aspas e negrito nossos)

                        Em conexão com isso, notemos que as três críticas contra o evidencialismo são de fato direcionadas para o método de raciocínio não-cristão. O fato é que o evidencialismo simplesmente adotou a abordagem não-cristã. Este sendo o caso, essas três críticas contra o evidencialismo também destroem os argumentos que os incrédulos empregam contra a fé cristã.
                        Além do mais, devido as inúmeras premissas dos argumentos evidenciais, e a complexidade envolvida em estabelecer cada premissa em quase cada argumento usado no evidencialismo. Sem dúvida, em quase todo caso, há muitas premissas com as quais o incrédulo nunca concordará. E visto que essas premissas dependem de métodos irracionais (sensação, intuição, indução, ciência, etc) para serem estabelecidos, o evidencialismo permite que o incrédulo obstinado mantenha indefinidamente sua resistência.
                        Portanto, a menos que o oponente creia cegamente no cristão com respeito a essas evidências, ou menos que a partir da exposição anterior ele já tenha sido convencido delas (com tão pouca justificação quanto o crente agora as usa), o melhor que o evidencialista pode esperar contra um incrédulo verdadeiramente cético, segundo Vicente Chengseria um empate.

            2.2 – Resumo do Método Evidencialista

            ASSUNTO
EVIDENCIALISMO
Ponto de Partida lógico
O Empirismo, as leis naturais, os sentidos
Terreno Comum
Os Fatos (acontecimentos, eventos, ocorrências, etc.)
Prova da Verdade
Algo é verdadeiro se for consistente com os fatos
O Papel do Raciocínio
Dependem da lógica (coerência) indutiva
A base da Fé
A certeza absoluta é impossível (probabilidade)


CONCLUSÃO

                        A apologética pressuposicionalistaverdadeiramente é o método que possui a verdadeira cosmovisão embasada na Revelação Geral de nosso Senhor.Mesmo após a queda de Adão, todas as pessoas possuem a imagem de Deus (Gn 9.6 e Tg 3.9). A imagem de Deus em cada pessoa significa que todo o mundo já conhece certas verdades. O capítulo 1 de Romanos, versículo 21indica que cada pessoa já “conhece a Deus” em algum sentido. Sem dúvida, os incrédulos não conhecem a Deus como seu Salvador, mas eles sabem que Deus existe. Eles também sabem que são pecadores e responsáveis diante de Deus. O Salmo 19.1-6 indica que a criação grita a existência de Deus a todos, 24 horas por dia. Essa verdade tem grandes implicações para a apologética.
                        Os apologistas clássicos dizem que devemos tomar uma abordagem de dois passos com os incrédulos. Devemos usar primeiro várias evidências para convencer o incrédulo da existência de Deus e então usar as evidências históricas para estabelecer a verdade do Cristianismo. Mas se todas as pessoas foram criadas à imagem de Deus e sabem intuitivamente que existe um Criador, e se a criação grita para o incrédulo que Deus existe, por que nósdeveriamos permitir que o incrédulo questione seriamente se Deus existe ou não? Ele já sabe que o Deus da Bíblia existe.
                        Claro, em sua rebelião ele suprime essa verdade em injustiça, mas no fundo do seu coração ele já sabe que Deus existe e que ele está em rebelião contra esse Deus. A existência de Deus não tem que ser colocada na mesa para análise. Como criaturas à imagem de Deus, todos nós já sabemos isso.
                        Não há dúvida que o pressuposicionalismodiferente do evidencialismoabordando de maneira mais adequada os conceitos da imagem de Deus e o testemunho de Deus por meio da criação.Esse é um conceito muito libertador. À medida que analisamos a apologética clássica e evidencialista, percebemos que a pessoa deveria estudar uma grande quantidade de ciência e filosofia para confrontar adequadamente o incrédulo num nível intelectual. Uma pessoa deveria ter um Ph.D. nessas áreas para defender a fé?O que dizer do cristão que não conhece muito sobre essas “evidências” para a fé cristã?
                        Vimos que o entendimento apropriado do pressuposicionalismo é encorajador para o cristão mediano. Essa abordagem ajuda-o a entender a grande vantagem que ele tem. Em vez de entrar numa luta intelectual com o incrédulo, podemos proclamar com autoridade o que nós e o incrédulo já sabemos ser verdade – “O Deus da Bíblia criou a todos nós. Se o homem está em rebelião contra Deus,arrependa-se, renuncie sua guerra e confie nele para ser salvo.
                        Por conseguinte, é a apologética pressuposicionale não a evidencialista que trabalha que a Bíblia, toda a Bíblia, e só a Bíblia, é o único fundamento da verdade. Como Revelação do Deus Onisciente, ela vai contra toda e qualquer filosofia, religião, ou método de conhecimento que exista. Desde o empirismo, até nossas próprias sensações, e qualquer outro pensamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

·           GEISLER, Norman L. Enciclopédia de Apologéticaresposta aos críticos da fé Cristã/Tradução Lailah de Noronha. São Paulo – Ed. Vida, 2002 – Título original: Baker Encyclopediaof Christian Apologetics.
·           SCHAEFFER, Francis A. O Deus que intervem: o evangelho para o homem de hoje; tradução de Fernando Korndorfer.  Refúgio, Brasília, Df, 2ª edição 1985.
·           http://www.ebdareiabranca.com/RelacionamentoCristao/3Tri2010Licao11Ajuda01.htm

Um comentário:

  1. Curioso o fato de aluno não citar NEM MESMO UMA obra de Cornelius Van Til para falar sobre o Pressuposicionalismo. O Pressuposicionalismo de Schaeffer, embora nos trilhos de Van Til, foi modificado, não sendo a melhor expressão desta linha. Queira ver, por exemplo, a crítica em "Presuppositional Apologetics - Stated and Defended" do falecido Dr. Greg L. Bahnsen.

    ResponderExcluir